31 de dezembro de 2014

REPASSE

Preencho meu tempo repassando minha vida nesta noite de virada.
2014 se despede e entra 2015.

Esta é uma teoria ou conceito que atinge grande parte da população do planeta. Vira-se o tempo de pernas pro ar a fim de justificar algo que me parece ser a contagem de dias e noites.
Seja lá como for, cá estou eu na minha solidão muito bem acompanhada de meus pensamentos.

Reviro-me pelo avesso e revejo caminhos percorridos no que poderia chamar de passado mas que, ao preencher este momento, torna-se presente; um presente valioso onde movimentos deixados para traz dançam na fração de segundo.

Reencontro-me com um EU sofrido, repleto de mágoas, raivas, tristezas, angustias colhidas de tempos vividos em meio a dramas e  processos conflitantes onde vontades e desejos se digladiavam.
Um ser estressado, envolvido por sonhos sem realidades causadores de desvalias.
Poderia dizer que tudo não passou de tempos perdidos, caso não os tivesse revertido e transformado em profundos aprendizados que me trouxeram até aqui.

AQUI.
Nesta gota de existência, vejo-me e enxergo-me envolvida por uma tranquilidade profunda proveniente da máxima aceitação do meu destino. O que cabe a mim me satisfaz trazendo-me prazer!

Hoje detectei em meus movimentos dentro d'água a união da mecânica  com a técnica e a teoria. Ao conscientizá-las em minha matéria física, encontrei o fluxo do prazer.
De repente, com a chegada desta sensação, tudo que me afligia dissipou-se e o fluxo vital se apresentou. Um viva à consciência aplicada no foco do momento!

Descobri então que meu grande sonho sempre foi sentir prazer e viver prazerosamente.
Persegui este estado d'alma por muitos anos; tantos que não sei contar.
Alcancei meu intento.

Preparo-me para adentrar um novo tempo onde, ao libertar-me do senso da rejeição absorvido de outros, sei que serei capaz de colher prazer  do que a vida me der para viver.
SOU CAPAZ.Tornei-me capaz.

Promessa de Ano Novo: irei me entregar a este encontro conquistado por esta alma que nunca foi pequena e fez tudo valer a pena. O espírito aplaude de pé.


Seguindo as ideias de Krishnamurti, tornei-me um Ser Sério. Como não conheço nada mais sério do que o ato de brincar, estou pronta para assumir minha criança  fazendo da vida um imenso Play Ground.

Vou cirandar!

27 de dezembro de 2014

MORTEVIDA VIDAMORTE

  A morte fala do que passou, o que foi vivenciado, acabou, ponto final. Final? 
O que fazemos com o the end ?
Esquecemos? 
É possível?
Desejamos que seja ou fomentamos o que ficou para trás intensificando o que não foi vivenciado?
Ficamos atados às pedras por onde passamos por medo da correnteza que a vida nos traz?
Esta, presente no presente, é impulso para o aprender a aprender.

Da morte ganhamos a essência; fortalece as lembranças que devem brincar no ar como bolhas de sabão. Ao brincar constroem o momento com o que fomos. O que ficou do que fomos. O que foi processado. 

Jamais deixaremos de ser o que fomos mas a vida, em seu permanente diálogo com a morte, nos leva a nadar na correnteza medular do momento onde colhemos novidades; renovação.
Vem deste mágico entrelaçamento, onde princípio, meio e fim cantam em uníssono, a trilha sonora para o espetáculo do cotidiano.
Ouvimos? Aprendemos a cantarolar? Deixamos a melodia penetrar pelos poros? Captamos suas vibrações pelos ossos?
Ou nos fazemos surdos, mudos e cegos para não nos aventurarmos no desconhecido?
Lançamo-nos no espaço vital que esta dança nos apresenta? O que perdemos já foi perdido...passou.
O que ganhamos?
Saberemos se estivermos livres para aprender. 
Ou pegamos ou largamos?
O pulsar vital encontra-se na união e reunião de ambos os movimentos.
Mortevida faz o momento valer a pena!

 
 

21 de dezembro de 2014

BRINCANTES





Os processos orgânicos são múltiplos;  os emocionais caóticos. Para que haja ajuste no Sistema é fundamental o uso do foco no objetivo do momento. A dispersão da a.ten(s)ção nos movimentos mecânicos do Corpo Físico é a principal causadora do stresse fisiológico. O estresse emocional fica por conta da falta de consciência da intenção do gesto. A união das duas propostas conduz ao Holo onde encontramos o verdadeiro aprendizado sobre a vida.


***

Sentimento e emoção não sabem ler teorias e não conhecem controle porém são processados na mecânica do movimento.
São sensores cujo cerne central vêm da intenção.
Portanto, se os movimentos do Corpo Físico não estiverem bem conscientizados quanto ao "como" dentro da realização, os "porque" e "pra que" perdem o significado desarmonizando o Sistema

7 de dezembro de 2014

FUXICOS...ou serão retalhos?

Exite dentro do meu ser uma carência afetiva tão profundamente enraizada que me assusta a cada pulsar de minhas vísceras. Como aproximar-me deste monstro submarino?




O que faz um Ser buscar a totalidade? O desejo de sobreviver à sobrevivência ou a atração pela solidão? Sim...porque a ligação à natureza humana nos dias atuais, onde a dificuldade de comunicação se amplia cada vez mais, conduz à sociofobia. Isolar-me nunca foi um desejo consciente; assimilei-o ou já era parte minha?



Reconhecer o Holo fora de mim ou até mesmo aprender a conviver com ele é tarefa cumprida; percebe-lo e senti-lo in.mim faz parte da difícil aceitação. Como apresentá-lo à sociedade vigente?

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Nada mais perfeitamente lógico do que o percurso do bolo fecal nos meus intestinos.
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A verdadeira liberdade não me dá asas para voar, mas sim a capacidade sensorial para perceber o valor do aprisionamento.
Sou prisioneira de mim mesma.





Enquanto a razão e a lógica se mantiverem ajustadas na energia de controle, o atrito do fluxo vital é alterado impedindo a equalização harmônica do Holo. O nível da consciência individual é minimizado bloqueando a conexão com a consciência universal. Esta fragmentação causa desregulagem tonal gerando doenças.

9 de novembro de 2014

DICAS PARA O COTIDIANO



1.
Você está esperando algo ou alguém de pé em uma esquina qualquer da sua vida.
Por um minuto, volte sua atenção para seu mundo interior.
Não há necessidade de fechar seus olhos, mesmo porque, é preciso manter a atenção ao que lhe cerca.
Porém, foque-se no peso do seu corpo sobre seus pés; está mais sobre o direito ou o esquerdo? Está bem distribuído sobre os dois? Mais em cima dos calcanhares? Ou sobre os dedos?
Procure ajustar estas sensações ampliando sua capacidade de se auto perceber.


2.
Você está sentado(a) atrás do volante de um carro.
Trânsito intenso.
Tudo parado.
Aproveite e observe-se: coloque as 2 mãos no volante e comece a observar a presença de cada um de seus dedos.
NÃO FAÇA NENHUM MOVIMENTO COM ELES; apenas observe a qualidade do toque de cada um. Qual aperta mais o volante? Qual sente mais? Qual o mais distante?
Escolha o de toque mais suave e comece a fazer com que todos os outros fiquem como o escolhido. Quando todos estiverem harmonizados no toque, observe sua boca.
Deixe a mandíbula se soltar e relaxe os lábios, permita que a língua descanse no "chão da boca".
  

3.
Você está dentro de um ônibus.
Conseguiu lugar sentada(o)? Está em pé?
Se estiver sentada(o) as mãos podem repousar sobre as pernas. Pode ser uma só. Escolha:direita ou esquerda?
Estando em pé, certamente as duas estarão firmemente agarradas aos apoios para não cair.
Observe a qualidade de toque de cada uma das suas mãos. Qual apoia ou aperta mais? Qual dos dedos atrae mais sua atenção? Qual o dedo que você quase não percebe?
Quando descobrir, se quiser, observe os dedos dos pés. Como estão? Onde estão? O que fazem?

Se estiver ouvindo musica, coloque seus dedos para dançar: um de cada vez.
  

4.
Neste momento lhe sugiro que reserve 10 min. para brincar com seus dentes.
Procure um lugar bem confortável para sentar. Coloque um apoio para a cabeça. Feche os olhos.
Comece a passar a língua nos dentes da maxila superior da direita para a esquerda; mantenha a boca entreaberta e os lábios afrouxados.
Acaricie dente por dente com movimentos circulares.
Se surgir vontade de bocejar, deglutir a saliva, ou qualquer outra reação que venha a brotar, realize-as buscando não se desligar do dente onde estava. Retome e siga em frente. Observe sua respiração quando terminar todos os dentes.
Esfregue as mãos e passe-as pelo rosto.
 


5.
Desta vez a dica é para a hora em que vai se deitar. Fim do dia.
de barriga pra cima, coloque as pernas sobre almofadas grandes e coloque as mãos embaixo do quadril com as palmas das mãos para baixo.
Observe seus cotovelos e a qualidade de apoio deles na cama.
Pressione o cotovelo direito contra a cama e observe o grau de elevação do ombro. Sustente por um tempo e depois deixe-o soltar.Na repetição, inspire durante a pressão do cotovelo e solte o ar com vontade quando soltar o ombro.
Repita mais uma vez.
Passe para o ombro esquerdo. 3X no total
Repita o mesmo com os dois braços ao mesmo tempo.
Ao finalizar, retire as mãos lentamente e observe sua respiração. DURMA EM PAZ!




6.

Já incluiu caminhadas no seu cotidiano?
Ainda não?
O que está esperando para curtir este hábito saudável?
Não confunda andar para ir ao trabalho, à feira, à escola dos filhos, ao cinema, ao shopping, às festas e outros atrativos mais, com esta caminhada a qual me refiro.
Estou falando de um momento dedicado aos seus sentidos e mecânicas psico-bio-físicas, ou seja, ao seu Ser com Ele mesmo.
Quando for caminhar.....observe os movimentos do pé de traz.
É ele que lhe conduz para frente. Vem dele o impulso da sua locomoção.
Pequenas gotas de atenção voltadas para ele, irão lhe ajudar a descobrir coisas interessantes sobre sua coordenação motora.
 

Encontre mais dicas no https://www.facebook.com/moitakua...

PROJETO GOTAS DE ATENÇÃO

23 de setembro de 2014

Um passeio na terra do Lango Lango

Por Moema Ameom

Era um dia. Um momento de partilha. Vivências com múltiplos aprendizados.
Eu, Lavínia, minha neta, e sua boneca Sofia.







-"Vó você fala com as árvores?"
-"Falo."
-"Como?"






-"Deite aqui ao meu lado e olhe para cima. Observe as  folhas. O que vê?"
-"Elas estão mexendo."





-" É assim que converso com elas. Fico observando seus movimentos e o som que fazem quando o vento passa por elas. Este som, pra mim, cria palavras na minha imaginação."

-"Ahhhhhh... já sei.Você inventa, né?
-" Pois é...vou brincando de inventar."
-"Pra que você faz isso?"
-"Pra fazer bem pro meu coração. Pra me alegrar a alma."
-"Como sua alma fica alegre?"
-"Dando risadas."

   Rimos muito!

20 de agosto de 2014

BRINCADEIRAS MOITAKUENSES

                  
 Por Moema Ameom

Atenção: sempre que for realizar os ex. de equalização é muito importante observar a liberação do peso mandibular, o repouso da língua no chão da boca e a liberação do ar. 

Cuidar com atenção redobrada do foco nas extremidades do corpo: dedos das mãos e pés.

Música é bem vinda, mas deverá ser escolhida só no caso de surgir da motivação interna. O som deve acompanhar os desejos dos movimentos e não servir de motivação (estímulo) externa.

Esta sequência deve ser realizada diariamente. Cada trópico deve durar 15 minutos no mínimo.

Quando começar a aplicar a sequência, na primeira semana, a ordem aqui apresentada deve ser seguida, mas, depois, devem ser feitas composições diferentes.

É interessante anotar por escrito as observações colhidas para aguçar a curiosidade quanto as diferentes captações perceptivas.

A:
Sentar em uma cadeira e posicionar os pés (s/sapato ou chinelo) em uma distância que dê para levantar e sentar confortavelmente.
Execute o movimento de sentar e levantar no mínimo 3 X. O numero máximo deve ser orientado pelo desejo. Observe com atenção o que acontece durante os movimentos. APENAS OBSERVE. Dê atenção maior ao movimento da cabeça e sua relação com o quadril.
Termine em pé abra os braços e brinque de girar pulsos, antebraços e braços, misturando círculos em várias direções. Repita como quiser quantas X quiser.
Volta a sentar na cadeira e solta o corpo para baixo. Dê um tempo para captar sensações e suba com reversão (*).

B:
Coloque-se de pé. Arrume os pés e pernas em posição confortável.
Solte o corpo para frente levando as mãos ao chão (lembre-se de afrouxar as articulações dos joelhos e cotovelos). Leve o peso do corpo às mãos. Volte com o peso para os pés e suba (des)enrolando a coluna. Use pêndulos com os braços observando bem as mãos.
Volte a soltar o corpo. Repita a proposta. Busque usar vários ritmos – rápidos, lentos, muito rápidos, lentíssimos.
Repita quantas X quiser. Termine com as mãos no chão e leve o corpo para o chão. Deite, e sacuda bastante as pernas no ar com a coluna no chão.

C:
Encher duas garrafas com água. Pode ser pequena (500ml) ou grande (1 litro).
Colocar uma em cada mão. Posicionar-se de pé com as pernas afastadas uma da outra, joelhos frouxos. Abrir os braços ao lado na linha dos ombros cuidando para não trancar as omoplatas. Concentrar a atenção nos dedos das mãos observando a tensão e presença de cada dedo. Não mudar nada nas pressões que observar, apenas observa.
Garrafas voltadas para cima. Com os braços alongados, girar os braços direcionando as garrafas para baixo (voltadas para o chão) e retornar.

Repetir no mínimo 3X. Dobrar os braços trazendo as garrafas até o ombro e voltar. Imaginar que elas estão indo cada vez mais longe (pura imaginação).

Girar as mãos para baixo e conduzir as garrafas até as pernas e levantar. Neste movimento as pernas deverão estar dobradas (flexionadas).

Terminar soltando as garrafas fechar as pernas, colocar as mãos no chão e sacudir muito as pernas.

D:
Mistura do A + B.

E:
Caminhar pela casa (ou na rua) observando os movimentos do pé de trás (apoio e impulso). Alternar direções – frente, trás, lados, círculos e espirais – sempre observando atentamente o pé de trás.

Em um determinado momento parar de repente. Observar os pontos de apoio dos pés e passar o peso para o pé que escolher. Fazer a transferência lentamente. Apoiar bem no pé escolhido e trazer a outra perna para segurar com as duas mãos. Observar como está segurando a perna e focar nos dedos das mãos e do pé que está na base. Soltar o joelho de base. Ficar por um tempo nesta posição. Voltar a andar. Repetir quantas vezes quiser.

Para terminar fazer reversão sacudindo as pernas.

F:
Fazendo uso de uma vassoura ou cabo de vassoura como apoio. Colocar banco ou cadeira atrás numa boa distância para sentar.
Ficar em pé e colocar o apoio na frente entre as duas pernas que deverão estar afastadas uma da outra. Distribuir o peso pelos tres pontos de apoio empurrando-os para o chão até que a intensidade de pressão fique no ponto máximo.

Usando as flexões dos joelhos e das articulações coxofemorais, conduzir o quadril para sentar. Aos poucos deslocar a pressão dos pontos de apoio para os ísquios pressionando-os na mesma intensidade. Sentir as mãos no apoio focando nos dedos aumentando a pressão dos mesmos e dos dedos dos pés no chão. Usar essas pressões para ficar de pé novamente. Repetir quantas vezes quiser. Ao terminar dar uma corrida bem solta e alguns pulinhos. Liberar bem o ar soprando para fora.

G:
O ideal é que se tenha uma corda.
De pé, com joelhos afrouxados, soltar bem os braços em pêndulos em diversas direções incluindo espirais. Deixar as mãos baterem bem firmes no corpo. Fazer uma reversão para sacudir firmemente as pernas. Voltar, pegar a corda e pular. Caso não tenha a corda, pular no lugar alternando as pernas e com as duas ao mesmo tempo.

Focar a atenção nas mãos, nos pés e na boca. Soltar mandíbula e liberar o ar durante os saltos.

Soltar a corda e, com os braços abertos girar o corpo alternando os lados.
Dar um tempo para sentir as sensações de giro no corpo. Sacudir bem os braços para cima deixando-o cair para frente projetando o peso do corpo para as mãos. Conduzir os joelhos ao chão, fechar o corpo em concha, ficar um tempo aquietando a respiração e retornar para repetir tudo do início.

Repetir a sequencia pelo menos duas vezes.

ATENÇÃO:(*) "reversão" é quando colocamos as mãos no chão (com as palmas das mãos bem apoiadas no chão) e transferimos o peso do corpo para elas. soltando bem a cabeça para baixo.



22 de julho de 2014

Balneário Camboriú - viagem e conquistas

A janela fica no prédio verde ao fundo.
Há um ano aqui estive, neste mesmo ponto da cidade. Da janela observava caminhos que desejava percorrer, mas os males de minha perna esquerda não me permitiam. Tornozelo e joelho prendiam-me a uma locomoção restrita. Guardei no coração os desejos. Transformei-os em motivações internas de cura.
Hoje, já recuperada, propus-me realizá-los; motiv in action.

Caminho a ser percorrido. Ao fundo a praia. 
 

Sonho e realidade  












Ao passar pelo viaduto sobre a Marginal Leste, o aprendizado começou.
Viaduto sobre a marginal leste
"Marginal"... devido ao fato de estar à margem do centro da cidade? Ou será que se torna marginal por impulsionar os seres humanos para velocidades muito além de seus biorritmos gerando busca desenfreada por um tempo cronológico que os sufoca? Que os coloca a margem da vida, à margem de momentos vividos em profundidade?!

O pensamento vagueia: como fazer para comercializar algo que conduz a uma conscientização sob margens internas onde pulsa a essência, marginalizadas por uma sociedade consumista? Como dar preço ao que nem mesmo é considerado tão valioso assim? Dar tempo ao tempo vem como resposta.

Sigo percebendo meus pés... como é bom tê-los de volta! Como é delicioso sentir-me sobre eles deixando-me evoluir em passadas onde os dedos do pé de trás me impulsionam em ritmo compassado e harmônico com o pulsar do coração, sem alterar o ritmo da respiração. Perceber que ao expirar, o impulso se faz presente em fluxo e refluxo. Braços em pêndulo navegam no ar; mãos atentas seguram bolsa e garrafa d’água onde dedos curiosos pesquisam suas presenças em pesos distintos. A mandíbula afrouxada me permite sentir os nano movimentos da língua e sua umidade. O ar acaricia os lábios. Simples exercícios para aguçar a percepção sensorial e ampliar a conscientização dos movimentos motores conectando a mecânica a cognição através dos (in)fluxos nervosos.

Passo pela Av. Brasil e chego na Av. Atlântica.
Como são interessantes os nomes homônimos!
Não estou no Rio de Janeiro. Se lá estivesse não poderia fazer esta proeza; andando em linha reta passar por uma e chegar à outra. Olho para a Av. Brasil em nada parecida com aquela de lá: outra visão do mesmo país. Nesta de cá não é preciso que haja semáforos (viva São Paulo!)  piscando verde, amarelo e vermelho; os sinais de trânsito são riscas brancas pintadas no chão que delimitam o espaço onde atravessar. Como na Europa, os carros param.
Será que com José e José também existem diferenças? Em fulano pai e cicrano Jr. também?
A Atlântica me lembra a dos anos 60 quando eu, pré-adolescente, vivia em Copacabana. Avenida de mão única com a areia bem pertinho da calçada. Este mar tranquilo, em nada se parece com aquele de lá cujas ondas, quando em ressaca, inundavam o asfalto que se transformava em rio salgado. Passado funde-se ao presente conduzindo-me ao futuro do outro lado da rua.

Cheguei!
Mar límpido, céu azul e Lós resplandecente em seu reinado. Pessoas encapotadas passam por mim. Será sugestão da estação? De onde vem este frio tão intenso que sentem?
Lembro-me de alguém que um dia me disse: “Você sabia que a alma é gelada?” Será? Mesmo quando deixa de ser pequena? Ou melhor, mesmo quando passa a ocupar todo seu território – matéria orgânica -?


Vou me aproximando. Crianças com medo de colocar os pés no chão porque o sentem frio. Medo de sentir sensações estranhas; medo da reação que elas causam; medo empalhado nos olhos de todos; espelhos d’alma embaçados. Adultos impedindo movimentos infantis, colocando-os em carros enfeitados, coloridos, atraentes que acomodam pernas e pés em crescimento. Amanhã estarão dentro de carros velozes nas marginais leste ou oeste indo para norte ou sul sem consultar bússolas; existe o celular para me dizer o que fazer. Ficarão vendo a vida passar pela janela? Desejarão conquistar seus desafios e riscos? Sem exercitar os mecanismos motores será impossível. Não dá pra arriscar-se sem assimilar segurança física. Melhor acomodar-se na frente do computador aprendendo o que é se mover.

Sigo até o mar. Ninguém na água. Um marzão todo pra mim. Agradeço neste instante ao meu pai terrestre, Heraldo, que me ensinou a tomar banho frio; que me a.cor.dava cedo pra enfiar os pés na areia, dançar com os pássaros e mergulhar nas águas quase sempre bravias. “É só respeitar as ondas que elas respeitam você”.
Mergulho, nado, bato pernas e braços, brinco com o brilho azul que me rodeia. Celebro a alegria de poder estar ali depois de uma caminhada que há um ano era impossível. Exercito o gelo da alma no corpo revitalizado pelas lembranças; enri(a)queço-me.

Saio do mar sob olhares espantados.

Preparo-me para voltar.
Ao vestir minha camisa, presenteada por amigo querido quando estava no alto da alta montanha, leio: GreenPeace. Será verde a paz? Creio que sim, pois esta é a cor do chacra cardíaco que ao irradiar sua potência energética pela vértebra dorsal, emana ondas de equilíbrio pelos ossos dos braços; quando estas chegam aos dedos das mãos, produz equilíbrio emocional trazendo a paz.
Sim.
A paz é verde como as matas e a comunicação entre ela e o coração, azul e branca. Na consciência brilha o amarelo dourado de Lós entrelaçada apaixonada.mente ao tom prata de Aul.
Preparo-me para o retorno.
Mesmo trajeto.

Vou observando a profusão de nomes brasileiros: Farah, Ranzi, Wiesel, Hoffmann, Müller. Pátria amada idolatrada salve, salve! Miscigenada, embolada, caótica.
Enquanto imaginarmos que caos é sinônimo de bagunça e desorganização; enquanto não aprendermos que ele nos proporciona organização sistêmica por equalizar os processos autônomos viscerais, não seremos capazes de assimilar a ordem e progresso da nossa etnia multidisciplinar. Continuaremos a utilizar os pulsares da curiosidade para experimentar tudo que nos atrai; a trocar preciosidades internas por balas de festim, palavras jogadas ao vento. Podemos até imaginar que o “tudo” é o “todo” e chamar de “holístico”, mas o Holo aproxima; não mistura. Na rede das energias infinitamente criativas, o “fazer muitas coisas” é substituído por “fazer muito com poucas coisas”. Como o fazem as árvores, por exemplo.

Quase chegando à passarela, leio a frase de uma imobiliária: “Os edifícios evoluem porque as pessoas evoluem”. Quer dizer que devo comparar a evolução humana aos prédios que vi na orla da praia? Sim! Esqueci que já chegamos na lua!   Talvez por isso o senso de humanidade esteja cada vez mais escasso. Estamos todos virando ETs – Extra Terrestres. Apostamos tanto na verticalidade que desaprendemos o que é contato com as raízes. No flow!

Estou chegando: começo a revisar meu passeio. Na ida percorri o trajeto em 30 min. Fui bem devagar observando cada mínimo detalhe da minha lo(u)co(a)moção. Na volta o mesmo trajeto fiz em 15 min. Ao aplicar bem a potência de minha máquina, afinando o instrumento que sou eu, o poder aumentou e eu ganhei, lucrei muito mais.
Ganhei tempo, mas não me tornei marginal de mim. Talvez até possa ser considerada por alguns como estando à margem da sociedade, mas isto não é assunto que me interesse.
Meu interesse do instante encontra-se neste pequeno/grande sonho realizado!




 

6 de julho de 2014

CELEBRAÇÃO


Hoje celebro a integra(a)ção do meu Ser in.mim.




Desde que comecei a perceber meu corpo, a conscientizar meus movimentos, que, graças a Klauss e Angel Vianna, teve início com a idade de 12 anos, sempre me senti fracionada.
Costumava dizer que eu era tal e qual a letra - b - o lado esquerdo comprido e amplo; o lado direito encurtado e apertado.


Esta sensação me angustiava, exprimia o peito travando o ar e perturbava a mente, mas foi quem me orientou na busca pela coerência e harmonia interna.
Devido à ela, colocaram-me aparelhos nas pernas, nos pés (desde um ano); tentaram por todos os meios dos conhecimentos ortodoxos igualar meus dois lados.
E meus lados continuavam cada vez mais distantes um do outro.

Quando consegui cuidar dos meus movimentos internos, passei a percorrer estudos, pesquisas e experiências corporais de múltiplas espécies, buscando harmonizar esta diferença tão gritante que se espelhava na matéria de maneira muito óbvia.

Era e é nítida e visível a diferença.

Com o passar do tempo, fui aprendendo com ela.



Primeiro percorri o caminho de querer ajustar o lado direito ao esquerdo por ser o que mais me agradava. Aprendi com isso a aceitar o desagradável, mesmo porque, não dava para arrancar de mim o lado direito. Estudos e mais estudos em diversas áreas foram me abrindo conhecimentos expandindo visões e tornando-me consciente das imensas possibilidades e realidades do meu Sistema.


Depois mergulhando e aprofundando-me nos campos da aceitação, passei a buscar a harmonização entre as diferenças. Queria encontrar a ressonância entre meus dois lados para poder me sentir inteira. Unificada.



Exercícios diários, constante observação, aplicação permanente dos conceitos que fui criando, recriando, construindo e desconstruindo, possibilitaram-me a organização de ideias em metodologia que batizei de Moitakuá. - apresentada aqui neste Blog -.

O pé esquerdo que me disseram só ficaria bom com cirurgia, aí está plenamente recuperado, permitindo-me caminhar firme em vários territórios.


Hoje celebro minha conquista!

Depois de um trabalho corporal sob orientação do Dr. Jorge Rocha - psicoterapeuta com quem venho desenvolvendo trabalhos ultimamente, tive o imenso prazer.....indescritível prazer ... de me sentir harmonizada! Integrada! Ressonante! Visivelmente inteira in.mim.

CONSEGUI!




Sei que ninguém é capaz de saber o que sinto neste momento, mas quero render homenagens essenciais:

Reverencio Cléo Allemão, a que me gestou e pariu, pelo exemplo do contrário; pela coragem e firmeza de posicionamentos que muito me angustiaram, mas que me ensinaram a ver a vida por prismas infinitamente múltiplos, construindo in.mim um grau de benevolência intenso e grandioso.

Reverencio meus filhos Victor e Roberta; seus companheiros de jornada familiar Diana e Rodrigo e meus netos Lavínia e Luke - por terem sido a motivação maior para esta busca.

Dr. Julio Parreira Lima, Dr. Stèphano Sabetti, Dr. Clínio de Freitas e Fátima Seda que muito me ajudaram com os cuidados clínicos em minha matéria.

Agradeço a todos os seres humanos que me acompanharam nesta trajetória; todos de extrema importância para mim, mas estendo os braços para abraçar em especial Ruben e Marlene Galvão, Dayse Britto e ReNata Batista, presenças fundamentais no apoio à alma e ao espírito extenuado.

  Hoje, quando em celebração que realizei na praia de Itaipuaçu, senti que minha maior aflição com esta divisão interna vinha do fato de não conseguir unificar o calor ao frio; o claro ao escuro; o dia à noite; a luz à sombra.

Sendo filha de Gaia tenho os dois lados do planeta expressados em minha matéria e esta divisão não  permitia minha integração com esta totalidade que sou eu.
Inter.feria na comunicação com o Holo.

Sei que daqui pra frente o cuidado precisará ser intensificado.
Preciso aprender a aprender com meus novos movimentos, mas sei também que o nível de conscientização alcançada durante esta trajetória de 54 anos será o alicerce para as novas caminhadas.

ESTOU PRONTA.... e muito bem acompanhada da minha sombra!






4 de julho de 2014

Têmpora da Vida

Quando Lavínia nasceu há 4 anos, ao apresenta-la à Mãe Gaia, prometi que iria me transformar em avó árvore; aquela que sabe onde se encontram suas raízes e se oferece para acolher o que dela desejarem oferecendo o que tem para ofertar.
Era preciso libertar-me dos medos criados por mente doentia que guardava em meus genes, movimentos alheios a minha existência. 

Com a chegada de Luke, reforcei a promessa no dia de seu batismo.
A cada amanhecer, ao reverenciar o novo dia diante de loS, vim reafirmando meus votos entregando-me às lições do cotidiano. A constante e permanente observação voltada para mim, in.mim e por mim, foram paulatinamente ajustando meu foco no desejo maior de reverenciar meus netos.




HOJE CELEBRO!
Estou cumprindo minha promessa! A força transformadora utilizada para desconstruir minha matéria, hoje reconstrói meu Ser.





Sinto-me pronta para permitir-me ser árvore... e sou avó!

CIRCULANDO

Daqui há 7 (sete) anos a data de hoje retornará ao mesmo dia da semana do Calendário Gregoriano.

Quantos de nós humanos observamos com atenção este pequeno detalhe do cotidiano?

De 3 (três) em 3 (três) semanas auL é preenchido plenamente pela luz de loS e nossas marés tornam-se cheias.

As folhas que caem das árvores adubam a terra nutrindo novas folhas.

Até quando continuaremos a mirar-nos no espelho vendo apenas a parte da frente? Quantos passos a mais daremos na hipotética linha reta que traçamos para caminhar?
O que precisaremos fazer para despertar deste torpor hipnótico que impede a visão de se expandir em círculos?

A humanidade empurra a existência pra frente e ela teima em voltar. Como é teimosa, intransigente, mal educada a vida!
Deve ser por isso que o Sistema Patriarcal está sempre colocando-a de castigo sem ouvir os filhos da Terra.
Não sabe como fazer para ouvir a Mãe.
Desaprenderam a Cirandar!

25 de junho de 2014

(in) EXISTENTE

Por Moema Ameom

Existe (in)mim uma visão (des)regulada, (des)orientada, (des)ordenada que sempre me permitiu enxergar múltiplos níveis de realidade ao mesmo tempo. Não tivesse eu o genes da arte na corrente sanguínea....por genética, naturalidade e espiritualidade.

Busquei durante bom tempo ajustar o foco desta visão movida pelo desejo (in)desejado de adequá-la ao que se dizia ser normal. Quanto mais me exercitava fazendo uso dos conhecimentos adquiridos com as piruetas do Ballet Clássico, mais girava desarmonica.Mente à dança da vida, embaralhando a essência do Sistema Nervoso Central nas redes tensionadas do Periférico.

Fui perdendo o contato com a audição: o que ouvia? pra que? por que? O que fazer para ajustar as palavras ao som e à visão?
Perdia-me nos compassos por sentir-me descompassada; as pressões inter.feriam nos movimentos fluídicos da vida.

Adorava BRINCAR (ah! como é bom brincar!) de me perder; a sensação da perda de direção aplacava as ânsias do coração. Acho que assim re.criei a arte do meu Ser.
No Ballet Clássico ajustava a forma aos desejos alheios - raramente agradava -; as dificuldades técnicas eram imensas. Trancavam-me o ar. Desencontrava-me da emoção.
Na Dança Moderna, Contemporânea, Folclórica e Livre, rasgava a alma! Dominava a técnica e era feliz ...mas...não agradava a quem mais queria agradar: Cléo. De nada valia o meu prazer!

Nestes mares revoltos fui ajustando-me à vida navegando na SOBREvivência. Aprendi a absorver entendimento.
Cheguei aqui.
A visão ajusta-se às múltiplas  realidades.
A audição afina as palavras ao som.

Brincando de bater tambor com meus ossos (ITA), mo(MO)vimento a águas (KUÁ) do meu Sistema.
A essência livre ilumina as trevas dos meus caminhos esquisitos, mal construídos para a grande maioria.

Minha consciência (in)consciente sinaliza o ponto: EU.
Este ponto (in)quieto, travesso, arteiro, brasileiro, não fica parado nem uma fração do segundo.

Rodopia em um espaço in.divi.dual onde conhecimentos e descobertas dançam no currupio.

E Salve João!
Eu perdi a cabeça....encontrei a VIDA!

Em 24/6/2014

21 de junho de 2014

DISTÂNCIA



Para que se possa medir objetivamente a distância entre 2 pontos, é preciso acreditar que esses 2 pontos não sairão do lugar.

Desta crença surge o desejo e o indesejado da humanidade; querer reter os pontos enquanto percebe e sente que eles dançam a sua revelia é uma das fontes da angústia, ansiedade e outras interpretações que se possa dar para " movimento retido".

O desgaste causado por este conflito interno é a causa dos atritos externos ( e vice-versa). Este círculo vicioso torna-se viciado intensificando a dependência nas cadeias familiar, social e ambiental.

Estando o campo viciado há milênios seculares (ou séculos milenares), como inserir novos conhecimentos e aprendizados? Como oferecer soluções a quem se nutre dos problemas causados pelos atritos psico-bio-físicos?

O fundamento dos processos de desintoxicação inicia-se quando as propostas de assimilação da verdade contida na DANÇA ESSENCIAL é aceita.

Com ela começamos a descontrair a distância linear tornando-a espiralada e cíclica; das ondas dos movimentos vitais surge o ato de brincar!

Moem Ameom

CAMINHOS MOITAKUENSES





Por Moema Ameom em 21/6/2014

A mente humana é investigativa, curiosa e criativa.

O Corpo Físico propõe múltiplos e infinitos movimentos, onde a ânsia de transformar é constante. Em sua autonomia, cria e recria possibilidades a cada segundo. Sendo sensorial, tudo capta e absorve. Sua coordenação motora propicia uma infinidade de descobertas que se multiplicam no exato momento da criação.

Se olharmos para este Sistema com visão ampla e irrestrita, poderemos  questionar; “Como fazer para harmonizar e organizar tamanha profusão de processos vitais?”

De todos os sentidos, o Senso de Observação torna-se muito valioso,  pois dele surgirá a regulagem dos demais e o ajuste dos mesmos aos movimentos do cotidiano.

Adequando a consciência às propostas da ação x reação surgidas das experiências, convivências e partilhas, o Sistema Humano vai gradativamente se (in)formando de acordo com o que sente e percebe.

Observando como coloca estas captações em/na prática, torna-se capaz de se estruturar por inteiro nas realidades que constrói, tornando-se responsável pela construção de seus personagens harmonizando-os de maneira mais ressonante com a trilha sonora do momento presente.

A DANÇA ESSENCIAL é um dos instrumentos de MOITAKUÁ que sinaliza caminhos de construção nesta direção.

6 de junho de 2014

EU e meu EGO


Por Moema Ameom

Sendo filha, sou mãe; enquanto mãe, terapeuta; quando terapeuta, artista e mãe. Na arte, dançando representava e ao ser atriz, dançava. Mulher tal qual criança brincando de adolescência buscano amadurecer.
Sempre quis saber quem era EU.
Procurava por um rótulo que especificasse o caminho a seguir.
 De onde será que vem este desejo entranhado da humanidade de se rotular? "preto/branco; bonito/feio; professore/diretor/ aluno; certo/errado..."
Será proveniente do desejo de ajustar o EGO?
Mas o EGO não será pura energia rotulada por alguém tão buscador quanto EU? Tão naturalmente confuso?
Quer dizer que sendo adulta não posso sentir-me criança? Estando triste não posso sentir-me feliz?
Por onde andará meu EGO? Provavelmente brincando com meu ID de esconde esconde ...pega pega só para assustar o SUPEREGO.
Mas... em se tratando do EU... este está se libertando de braços abertos para o Caos.
Acabou o tempo atemporal da Holofobia, onde a necessidade de controlar-me vinha de comandos alheios aos da minha verdade.
Neste EU que SOU sempre caberá mais algo, principalmente se for des.conhecido.
ELE ( que sou eu), adora aprender a aprender....
Com passos
sigo dançando
contra tempos!

5 de junho de 2014

Amante do amor



por Moema Ameom em 5/6/2014

Transformei-me gradativamente em amante do meu amor.

Tudo teve início quando comecei a me relembrar dos tempos de namoro quando ele me ensinava a descobrir saídas ao sentir-me encurralada, perdida nas emoções de adolescente, sem nem mesmo saber identificar o que sentia.

Estendia-me suas mãos e conduzia-me pelos corredores sombrios da imaginação, fazendo-me dançar as melodias difusas do espírito em conflito.

Havia momentos em que se transformava em paixão ampliando os impulsos no caos. Sufocava-me; fazia-me perder o rumo, o chão e o foco.

Foram estes momentos que acabaram me levando a aprisioná-lo dentro de mim. Tudo em nome de atitudes mais normais, educadas, sociais; acreditei que assim fazendo encontraria o tão exigido controle.

Casei com meu amor; impus-lhe regras e dogmas. Resolvi domá-lo, ou melhor, domesticá-lo. Passei, com estas propostas, a utilizar tudo que ele me dava em prol da tão desejada busca pelo equilíbrio.  Surgiram os medos sem sentido. Não podia senti-los sob pena de perder o casamento.

Impus-lhe condições cada vez mais restritas.

Meu amor contorcia-se com tanta violência dentro de mim, que as do(r)enças passaram a dilacerar as vísceras; contorcia-se a mente; a alma morria aos poucos des.animada diante de tanta prisão.

Existiam momentos, porém, em que sua incondicionalidade tomava conta de mim. Quando dançava ou representava nos palcos; quando era profissional da arte. Minhas personagens libertavam meu amor do jugo da sociedade.

Até o momento em que gestei dois seres.

Ganhei tanto amor dentro do meu amor que transbordei. Mergulhei. Nadei nas turbulentas ondas da maternidade quando ainda nem sabia como seriam as da maturidade.

Mas ele, meu amado companheiro, pacientemente conduziu-me à luz de uma consciência plena de dúvidas onde acertos e erros entrelaçaram-se nos sons do coração.

Foi assim, embalada pelas cantigas dos risos, choros, gargalhadas e berros que fui redescobrindo o meu amor.

Hoje sou sua amante até que a eternidade nos reúna diante da morte permanente. Não há compromissos além do amor.

26 de maio de 2014

SOM


Por Moema Ameom

No princípio tudo era sOM.

ELE criou as danças atômicas com as quais minhas moléculas buscaram caminho rumo a Lós e Aul. Processos de absorção transcendental deram início à escrita da partitura de minha existência.

Tendo como palco o Sistema Solar, recebendo influências diversas, meu sOM foi cuore.o.grafando movimentos vitais com o foco na criação da matéria. Conduziram-me ao mergulho em um profundo lago cavernoso. Líquido amniótico! Os passos da coreografia já estavam criados no senso cognitivo; faltava burilar, limpar e adequar, ajustando-os à minha capacidade de execução. Era preciso gerar a conscientização dos mesmos.

De que vale ter, sem saber como usar!

Nadando em águas vermelhas, fui captando reverberações sonoras da medula óssea que comandava aquele Sistema Receptor. Outros sOMs começaram a serem introduzidos in.mim. Vibrações cuja dis(re)sonância formataram minha consciência sobre “quem era eu”.

Já não conseguia reconhecer o meu sOM original. Aprendi a seguir os que me levariam ao Objetivo Geral do meu projeto: ser humana.

Ao sair da caverna vislumbrei a LUZ.

Como fazer para voltar e sinalizar o caminho? Como ensinar a importância do olhar na escuridão? Como aplicar os conhecimentos adquiridos em minha trajetória universal durante a estada no Planeta Terra?

Sei que o primeiro berro dado já não tinha as reverberações do meu sOM. Ele trazia a vibração sonora de medos, inseguranças, insatisfações, tristezas, raivas e mágoas existentes no mundo sombrio onde gerei a matéria. Poucas alegrias, falta de prazer e um intenso sentimento sadomasoquista reinando absoluto. Meu corpo físico assim foi criado; sob as tensões irregulares de ondas emocionais mal vivenciadas.

Foi dada a largada para um páreo onde do(r)enças (iniciadas aos 3 anos), jamais foram sentidas como veículos de aprendizado.

Mas... eu sabia que havia um registro molecular. De tanto entrar e sair das cavernas que se apresentaram diante de mim, fui re.conhecendo meu sOM.

Descobri a fraqueza causada pela Pre.potência, fonte da grande enganação do poder (vice-versa). Como pre.encher-me com o sOM original mantendo a necessidade de mostra o caminho da  LUZ para quem não queria vê-lo? Como deixar-me ser frágil tendo que me manter forte? Pra que? Por que? Objetivos Específicos seguidos à risca no meu Projeto Vida, onde a mente confusa escrevia múltiplas Justificativas imaginando que eram processos criativos.

Sensações dissonantes com o meu sOM que deixavam minha potência voltada para fora; sua reverberação não ganhava ressonância nas minhas cavernas ósseas. Não tinha como Re.Conhecer-me.

Mas o Grande Maestro, presente todo o tempo, sinalizou-me as ondas de retorno. Nova.mente mergulhei. Desta vez para fora da caverna.

Estou indo na Luz, em nome de L2, conectada à Mama Gaia... forever!

Ame OM... Moema.

21 de abril de 2014

SONHO

Batizaram-me com o nome de Moema, aquela que sonha, segundo alguns.

Hoje, apresentando-me ao amanhecer, descobri in.mim um enorme medo de sonhar.
Rodopiei nas vozes de meu coração questionando: por que? por que?....

De repente ele me respondeu: " Por medo da realização."

Oh! Céus!....Gira mundo, gira roda, gira, gira, rola, rola....qual o medo maior?
Onde foi parar a linha limítrofe entre estes dois?

Se...eu sei que sonho é motivação...
Se...eu sei que é a mola propulsora da ação...
Como ter medo da realização se o próprio sonho já É movimento de realizar?

Olhar para o Sonho como sendo realização é maluquice?
"SIM"...diriam muitos..."onde já se viu acreditar que ao sonhar você já realizou ou está realizando?" "Se ninguém está vendo resultados efetivos, como pode chamar isso de realização?"

O que são "resultados efetivos?" devem ser aqueles que "rendem retorno financeiro"....

Então... é medo de ser considerada louca? Medo da minha Lo(u)comoção? Emoção?

Bem...sonhar não dá dinheiro a ninguém mas, apostar nos sonhos vivificam os processos cognitivos e nada destrói mais a vida do que deixar de sonhar ou impedir alguém de sonhar.
Como equilibrar-me nas ondas emocionais se não puder acreditar nos meus sonhos?

Dar crédito aos sonhos....Não tem cartão de crédito para pagar sonhos. Mas, e ter fé?
Posso ter fé nos meus sonhos?
Talvez possa desde que seja uma fé comportada, ajustada às fés comuns...mas estas não dão suporte aos meus sonhos.

Não quero sonhar em conjunto. Quero compartilhar meus sonhos com aqueles que os entenderem como sendo úteis aos seus próprios.
VOU SONHAR!
Já estou realizando.... e ...olhando para trás vejo que venho sonhando este meu sonho há muito tempo. Anos e anos a fio renegando-o em prol dos outros.

Reneguei muito meus sonhos. Alimentei-me dos sonhos de quem sonhava durante muito tempo  ajudando a realização efetiva de muitos.

Agora vou assumir meus sonhos e vou aceitar o nome que me deram, olhando-o no espelho: Ame Om...quem ama OM é capaz de valorizar sonhos!