18 de março de 2014

Trans...Form...Andando.

Por Moema Ameom

PALAVRAS! Ditas, escritas ou pensadas! Para onde me levam? Varinhas mágicas capazes de me jogarem nos fluxos e refluxos emocionais, indefinem meus caminhos; produtoras eficazes de meus movimentos, palavreiam minha essência rumo ao infinito!

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Toda relação torna-se interessante quando nos oferece alimento ao desejo; mas o verdadeiro aprendizado surge quando desaparece o interesse permitindo que o involuntário faça a festa.

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A verdade traz contida em si a real potência da transformação. Será devido a este fato que seja tão evitada por nós?

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O que são ações e reações senão símbolos de nós mesmos? Nos capacitamos para enxergar nossos símbolos? Para a.creditar.mos neles?

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DESESCOLARIZAÇÃO... entendo como sendo o desejo de sair de um padrão conceitual. Saindo deste para onde ir? Para criar outro...e outro... e outro... ou seja... novas e novas escolas. Sempre será necessário escolar, ou aninhar ideias para que possamos gerar movimentos renovados, caso contrário desmaterializaríamos o Universo. Não haveria mais estrelas! Oh!...dó!

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A dança é a energia vital que nos conduz à vida; para ser bailarina(o) não basta saber dançar...é preciso aprender a bailar.

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Quando os princípios da relatividade, autonomia e vazio se apresentam, ficam os desejos, sonhos e imaginação a nos guiar. Fica A ARTE e suas inspirações levando-nos a expirar a essência! No instante da consciência indago: qual a função do EU? Do nome? bastaria som...ameom. Amo!

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Onde se encontra a responsabilidade tão cobrada e enaltecida? No como contido em nossas ações vibrando em reações! Na melodia que emanamos ao falar! Nas ondulações do caminhar! ... no olhar!

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Onde encontrar o AMOR PRÓPRIO? Na tênue linha divisória entre eu e o próximo. Sendo reciclável esta é uma linha que apenas a imaginação dá conta!

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O VAZIO não é O VÁCUO. No vácuo desintegramo-nos. No vazio nos reintegramos às vibrações sonoras que nos compõem na partitura da existência.

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Invariavelmente vejo no outro qualidades que não vejo em mim; em seguida convivo com a reflexão.
Reflito-me.

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O VERDADEIRO APRENDIZADO DEVE SER TOTALMENTE DESPROVIDO DO DESEJO DE ENSINAR


10 de março de 2014

Dançando em meu Túmulo - Gelsey Kirkland

 
 
Por alguns anos a leitura deste livro me orientou e guiou. O trecho que reproduzo abaixo ajudou-me por diversas vezes a reler minha incapacidade de ver nos outros, o espelho de mim mesma. Aos poucos fui somando ao fato de ser bailarina o de ser filha única (sem irmãos para espelhar meus pais). Com uma leitura empobrecida de mim mesma, fui buscando meus processos individuais e solitário de descobrir-me. Moitakuá assim nasceu.
Que a leitura a seguir possa auxiliar jovens talentos de hoje a encontrarem suas belezas interiores, espelhando-as, de maneira harmoniosa, para as plateias mundiais.( Moema Ameom)

" Ao longo das fases iniciais da minha carreira o espelho era meu nêmese, sedutor até o ponto da dependência. Passar para o outro lado do espelho significava confrontar-me com uma sósia que expunha todas as minhas falhas e salientava todas as minhas imperfeições físicas. Durante um certo tempo, a imagem na minha cabeça entrava em conflito com a imagem no espelho. Até que a oposição entre as imagens fosse resolvida, eu me via como um pedido de desculpas ambulante, incapaz de atingir ou manter a minha ideia constantemente apurada de beleza física.

Com todas as inseguranças intensificadas, tornei-me o meu pior crítico, embarcando numa procura estética de perfeição, no final, curasse as feridas que eu mesma me infligira. Tentando aperfeiçoar  tanto a minha aparência quanto a qualidade de meu movimento, não percebi uma contradição. Enquanto eu continuava a me educar, meu amor e raiva casaram-se dentro da minha personalidade.

Permaneci criança. Trabalhava e vivia em isolamento, numa solidão quase absoluta que, hoje, vejo totalmente desnecessária. Eu me enganava, às vezes deliberadamente. Eu não estava só.

As intermináveis repetições de exercícios na barra diante de um espelho refletem uma imagem deformada que muita gente tem do balé, uma imagem compartilhada por muitos dançarinos. O lado físico da disciplina inclui um certo grau de tédio, acomodação e dor. Porém as horas de ensaios não contam se comparadas ao terror emocional que às vezes atormenta um bailarino quando estuda o seu reflexo no espelho. Esta ansiedade não se de deve à simples vaidade ou medo de rejeição profissional.

Como na lenda de Narciso, o belo jovem que se apaixona pelo próprio reflexo, o relacionamento do dançarino e sua imagem no espelho é uma intimidade de poder extraordinário e consequências potencialmente muito perigosas. A   dos dançarinos acaba por parecer afogar-se em suas próprias imagens, empurradas por forças invisíveis. As dimensões da tragédia são reveladas apenas quando vidas e personalidades são destruídas. Até então, os danos permanecem invisíveis.

Desconfio que todo dançarino sente o espelho de um modo singularmente pessoal, embora muitos talvez não deem conta do poder que ele exerce sobre suas vidas e como ocorreu aquele estado de servidão artística. Seguramente poucos levaram o relacionamento aos extremos do começo
 da minha carreira, e um numero ainda menor deu um jeito de inverter o domínio do espelho.

Como instrumento de ensino primordial para a dança (*), o espelho fomenta a ilusão de que a beleza é apenas superficial, que a verdade encontra-se apenas na plasticidade do movimento. Parece preferível imitar do que criar. A imitação pode ser variada para criar a impressão de originalidade. Existem infindáveis possibilidades para quebrar o molde humano em padrões inusitados. Ousar dançar não mais envolve risco, virtuosismo e força de convicção. O dançarino pode ganhar aprovação por passos que não exigem uma decisão real em termos criativos ou de composição.

O dançarino é treinado para observar, para entrar no mundo do espelho até que nem seja necessário olhar. A medida que se transforma num reflexo cheio de si, não aprende a testar a beleza, a descobrir sua vida interior. Desta forma, o espelho aprisiona a alma acabando por quebrar o espírito criativo. Um dançarino desses é criado, mas não sabe criar. Sem sucesso e popularidade, a situação fica ainda mais precária. a qualquer momento, com mudanças caprichosas da moda, uma verificação no espelho pode revelar uma tragédia...que ele ou ela foi criado para nada." (pags.71/72) 
 
(*) Eu, Moema, considero o espelho totalmente dispensável para o ensino da dança. Sua utilização surge apenas em alguns momentos para intensificar a comparação entre a observação interna (esta sim indispensável) e a externa, com a intensão de reconhecer os níveis de olhares de uma única expressão.

SUSTO


Por Moema Ameom

Partimos do conceito: ação X reação, princípio básico dos movimentos vitais.

Dentro da ação encontramos os movimentos de concentração e expansão assim como nas reações. Portanto, transformando o conceito inicial, percebo como fundamentos vitais as energias (+) e (–) onde, trazer para dentro o que está fora (recolher) transpondo-o para o exterior (expor), produz a qualidade individual de vida.

Vitalizar será assim, regular (equalizar) estas ondas energéticas nos Sistemas Vivos, dentre eles o Humano. Desvitalizar é impedir, através da educação e/ou orientação social, a partilha entre estes processos naturais.

Visualizar a totalidade nos permite perceber que a desregulagem surge quando um dos impulsos (+ ou -) ganha predominância nas ações e ou reações.
Os estados emocionais e suas cargas vibracionais são a fonte reguladora destas ondas que regem as motivações sistêmicas.

Trazendo o Ser Humano para desenvolver o presente estudo, podemos observar a importância do foco no objetivo como sendo o fio condutor de todos os princípios de motivação que orienta o Sistema.
Hoje em dia ouve-se muito a frase: "Você deve seguir a voz do coração." Mas, o que justamente significa isto? Como ouvir a voz do coração se não formos capazes de ouvir a voz interior proveniente dos sentidos, instintos e intuição? Como ouvir o som proveniente dele sem aquietar os excessos de ansiedade e expectativa que tanto alteram os sons da consciência?

Permanecer no foco do objetivo é o mais importante para a regular as cadeias do  hipo/hiper tônus, responsável pela mecânica do Corpo Físico, máquina equalizadora do Sistema em sua totalidade.

O susto coloca este Sistema diante de uma retenção de movimentos por algumas frações de segundo produzindo uma paralisação momentânea de reação. Sendo o medo visto como linha limítrofe entre o abrir/ fechar; dar/receber; acertar/errar, o susto vem a ser a paralisação do medo dentro das vísceras do CF.

Quando o organismo leva um susto reage retendo o fluxo das ondas viscerais criando, consequentemente, uma ação de antifluxo. Nesta fração de segundo, este antifluxo é a defesa quanto à reação, necessária para proteger o coração diante do jato sanguíneo que recebe no ato do impacto emocional.
Congela a reação.
Logo em seguida a tendência é descongelar através de reações desreguladas e descompassadas. O Sistema desafina por momentos para logo após, (havendo respeito ao seu biorritmo), retornar aos seus pulsares naturais.

A natureza nos sinaliza isto nos temporais, ventanias, tremores de terra, onde o tempo tudo transforma e reorganiza.

Na infância (principalmente nos primeiros quatro anos de existência terrestre) o total respeito às reações viscerais diante destas paralisações é imprescindível para que os processos cognitivos, regentes do Soma, não guardem em seus registros medulares, movimentos de retenção. Isto porque, guardando-os, formará passo a passo uma couraça de proteção que alterará a estrutura óssea e acabará por dificultar os meios de comunicação entre os Corpos do Sistema afastando a essência vital da sua total integração entre eles e os demais movimentos vitais do planeta e do Sistema Solar – Universo.

 
Estas paralisações diante dos sustos passam gradativamente a gerar padrões de comportamento que se refletirão nas atitudes mecânicas da matéria.
Um deles, tão comum em nossos dias é a Síndrome do Pânico, onde o medo das próprias reações gera a distância da vida criando a sobrevivência e seus códigos de marketing.

Sendo assim, "brincar de assustar", "fazer de conta que não se assustou" ou impedir as reações naturais diante dos sustos conhecidas como: choro, grito, sapateio, berro, riso convulsivo, tremores e arrepios dentre outros, é não permitir que o corpo vivencie em plenitude os benefícios que o susto pode trazer para o organismo. Benefícios estes que serão justamente intensificar as ondas emocionais permitindo um jato a mais de adrenalina (hormônio) no organismo para logo em seguida banhar-se de endorfina.

Os conceitos de que estas reações são pejorativas ou sinais de fraqueza, fragilidade (nos seres masculinos) ou histeria e dengo (nos femininos) – e vice-versa -, vai distanciando os seres dos seus sensos de humanidade.
Evitar brincadeiras para provocar sustos e/ou respeitar as reações diante de tais situações, é o mínimo que se pode proporcionar aos seres em formação e aos adultos que pretendem conhecer suas crianças (mestres) interiores encolhidas dentro das capas de defesa orgânica.
Os "sustos benéficos" são aqueles provocados quando percebe-se uma certa catatonia do Sistema e só deve ser provocado por quem conhece como fazê-lo e em extrema necessidade.
  
Tolher reações ou exacerbá-las torna-se sinais evidentes de desregulagens emocionais.

Observar estes desequilíbrios para com eles aprender a se Re.conhecer (reconhecendo os outros) é o caminho a seguir para aqueles que quiserem se harmonizar com os movimentos vitais.