29 de janeiro de 2013

ATENÇÃO




Por Moema Ameom em 29/01/2013

A regulagem do foco da atenção é essencial para a formação sistêmica do Homem. Sendo resultado de nanoscópicos processos sinápticos situados no encéfalo, este Ser terráqueo necessita deste ajuste a fim de se capacitar diante de sua própria potência.

Árdua tarefa!

Como fazer para executá-la de maneira prazerosa e satisfatória?!

Esta deve ser a trilha a ser construída pela sociedade a fim de que novos caminhos possam surgir na orientação dos seres que aqui vêm se reformulando.

Até hoje vimos aprendendo a desajustar para ajustar; descuidar para conseguir enxergar o cuidado, o que construiu movimentos coordenados com a dor e o sofrimento enaltecidos e valorizados pela maior parte das sociedades planetárias. Atritos para trazer a paz; impaciência gerando desejo de paciência; incoerência servindo de mote na educação. Assim vem sendo utilizados, em sua grande maioria, os processos vitais que, de tão desestruturados na harmonização com o Sistema Humano, passou a gerar virtualização.
Impossibilitado de aplicar em si mesmo sua potência os seres humanos passaram a expor suas ondas criativas e acabaram por criar chips, tão nanoscópicos quanto suas células nervosas, para poderem expressar suas verdades internas. Depositaram nas conquistas fora de si, seus focos de atenção. O desejo visceral passou a ser depositado na comunicação virtual, inibindo e coibindo suas necessidades emocionais. Comunicação falha por não proporcionar o elemento extremamente essencial para a construção da regulagem do foco de atenção – a presença física.

O que vem a ser atenção?

Falo em linguagem Moitakuense, a única com a qual me sinto capaz de expressar com clareza, por ser fruto de minhas experiências pessoais.

O Sistema possui três corpos: ósseo, físico e etéreo.

Como “Corpo Ósseo” classifico o esqueleto ósseo onde encontramos a medula, fonte de vitalidade. Nele enxergo a presença na nossa eterna criança (Id). Por quê? Devido ao fato de possuir capacidade de permanente revitalização e renovação através do Sistema Nervoso Central. Este faz da Coluna Vertebral fio condutor da energia produzida pelo encéfalo, responsável por toda e qualquer qualidade e quantidade de movimentos realizados pelo ...

...”Corpo Físico”,
 ... morada da alma onde o Ego se estabiliza, onde deveríamos encontrar os desejos sendo transformados nos movimentos articulares e musculares. Onde a dança das emoções (motivações) se processa, mas na maioria das vezes não é ouvida nem mesmo captada pelos sentidos de quem a dança. O Sistema Nervoso Periférico e suas redes espalhadas por todas as fáscias, (elemento orgânico que envolve e sustenta órgãos e cadeias musculares e ósseas) assim como é capaz de direcionar e facilitar o fluxo também faz com que o Corpo Físico se mantenha afastado do Corpo Ósseo, quando cria desestrutura nas tensões Hipo e Hiper, responsáveis pelos frios (-) e calores (+) que comandam os processos de expansão/contração molecular. São estes os movimentos responsáveis pela responsabilidade apreendida e emanada nas (das) ações/reações do indivíduo, princípio de (re)vitalização na matéria. Quando a fonte de transformação se debilita demais, para que esta revitalização seja mantida, é preciso desativar a matéria e reconstruir outra.

Quando o Corpo Físico não consegue se comunicar harmonicamente com o Corpo Ósseo, o “Corpo Etéreo” fica congestionado. Ele deveria ser o campo protetor do Corpo Físico, onde os processos cognitivos e somáticos, uma vez projetados de dentro para fora – ou seja, do Corpo Ósseo para o Corpo Etéreo passando pelo Corpo Físico – serviriam de sinais de alerta; grito de “atenção”! Deveria ser a tela dos sonhos e desejos ali delineados com a intenção de serem absorvido gradativamente pelo Corpo Físico na medida em que a convivência do mesmo com seus movimentos de pesquisa, fossem ganhando amadurecimento consciente – o que só alcançamos com a experiência acompanhada e compartilhada.

Estando o Corpo Físico desestruturado devido às tensões residuadas nas redes do Sistema Nervoso Periférico, o Ego se projeta no Corpo Etéreo onde habita o Superego. Este por sua vez acredita fielmente ser capaz de realizar tarefas. A onda virtual ajuda por demais a alimentar este campo ilusório, uma vez que, na tela do computador, dos celulares e similares, tudo podemos realizar desde que a rede elétrica nos permita. Enquanto isso a rede elétrica interna, emanada pelas ondas sinápticas, nada podem fazer diante da inabilidade da máquina (Corpo Físico) de acoplar sua mecânica à sua potência.

Sempre me dá a sensação de ver aparelhos com os motores desmontados e colocados em cima da mesa querendo produzir algo.

Talvez... o que faça a grande confusão é que o Corpo Físico, apesar dos pesares,produz...faz...realiza! Mas...de que forma? Como?

Da maneira citada acima: estragando para depois consertar. Desafinando para afinar. Morrendo para valorizar a vida. Perdendo para saber o que quer ganhar. Rotulando-se de “inconsciente”por não saber como alcançar a consciência plena de si mesmo.

Nesta manhã de tristeza pelos mortos de Santa Maria (RS), me pergunto: até quando a potência interna, única capaz de equalizar o verdadeiro foco de atenção, será desvalorizada pelos movimentos sócio-educacionais? Até quando a inibição, a coação, o julgamento e a crítica continuarão a minimizar a capacidade individual em nome de uma coletividade inexistente? Coletividade construída nas redes sociais? Como dar as mãos através das teclas de um computador?

Neste momento eu queria um ombro amigo, um olhar, um abraço, para me confortar e eu sei que se não levantar da cadeira e ir à busca do meu desejo, nada acontecerá. O que preciso para agir? Desobstruir o fluxo da minha medula (energia vital), congestionada por processos emocionais mal vivenciados, a fim de que possa ouvir vários “nãos” ao meu desejo até encontrar quem me ajude a saciá-lo. Se meu Corpo Ósseo não tivesse aprendido a transformar os “nãos” eu continuaria aqui nesta cadeira, amarrada pelas tristezas do passado quando eu não sabia compreender a virtualidade sistêmica.

Será este medo das vivências responsável por tantas fugas? Tantas obliterações de sentidos que acabam por nos tornar cegos e surdos diante dos fatos? Tanta negação das  cognições que nos robotiza diante de nossas próprias ações?

Será?

Hoje pela manhã vi penas de pavão que ornam meu ambiente de trabalho. Pensei: “Há quanto tempo elas me acompanham...” Pelo menos há uns 40 anos. O pavão de onde vieram já desintegrou. Elas ainda estão aqui. Tão belas!

Por que será que os ossos que ficam de fora recebem um olhar envolvido pela beleza e os de dentro causam tanto temor e desconforto? Lá dentro do Corpo Físico, nas profundezas de suas águas, existe um Corpo Ósseo, espelho do Corpo Etéreo (e vice-versa). As escamas epiteliais servem de rede de comunicação, mas a eletricidade mal utilizada não nos permite gerar contato.

Belezas mal vivenciadas, mal conhecidas. Mal amadas.

E assim desperto para mais um dia de VIDA! Com muita fé no futuro.