Solidão
não é isolamento.
Os
processos vitais são construídos por células que, com seus movimentos
solitários geram pulsações onde o concentrar e expandir produz respiração. Esta
troca vibrante cria seres vivos sozinhos
em suas bolhas de existência. Cada processo de movimento vital existente no
Sistema Solar é construído por vibrações solitárias em suas in.tensões. São elas
responsáveis por atos como: acordar e dormir; nascer e morrer; ganhar e perder;
comer e defecar; beber e urinar; chorar e rir; acariciar e bater; berrar e
cantar; amar e odiar (para citar poucas das variadas contradições).
Solidão
é algo inerente à trans.formação das matérias vivas. Para que aconteçam mutação
e criação de renascimento permanente, (que podemos chamar de revitalização
sistêmica), é preciso que haja solidão consciente. Saber-se só. Entender-se
como sendo só na sua própria construção de ações e reações. Ouvir-se em seu eco e assumir a responsabilidade de seus
gestos atitudes e expressões. É preciso Ser só. Valorizar a solidão como sendo
algo de onde nós, seres humanos, extraímos o roteiro da nossa existência.
A
função primordial da solidão é, portanto, tonificar os sistemas vivos. O medo
da solidão, no ser humano, traz inquietação, insegurança e fragilidade emocional
conturbando a estabilidade e construindo incoerências nos passos sobre o
Planeta Terra.
Para
que a solidão seja construída com sabedoria é preciso que não haja isolamento.
O
medo da solidão está congelando os seres humanos em ilhas individuais;
isola.ment(e)o.
O
isolamento cristaliza todo e qualquer processo vital. Encapsula os movimentos
de regeneração celular embutindo a mente e coibindo a in.evolução sistêmica.
Isolar-se significa acumular medos de emoções. Nublar os sentimentos, dopar a
alma e calar o espírito. Isolar-se significa amedrontar-se diante das
vivências, encolher-se diante das possibilidades dos famosos “erros” que tantos
enxergam. Isolamento é ato de covardia diante do pulsar da vida e da morte.
Sendo
algo regido pelo organismo, nada ou pouco tem a ver com movimentos coordenados
pela mecânica do Corpo Físico, por isso, manter contatos externos com muitas
pessoas, vital ou virtualmente, não significa sair do isolamento. Muito pelo
contrário: a quantidade de contatos externos, principalmente aqueles virtuais,
na grande maioria das vezes, inibe o contato interno e, conseqüentemente, a
solidão. Gera isolamento.
A
solidão é o vazio que preenche. O isolamento, o cheio que esvazia.
Quando
o náufrago chega à ilha, depois de conseguir emergir dos vagalhões de mares
revoltos, é mais do que compreensível que queira se aquietar um tempo; porém,
se não buscar motivações muito contundentes na sua alma, jamais sairá da ilha.
Ficará isolado e perderá contato com a solidão.
Onde
não há coragem para viver emoções, não há partilha. Não há possibilidades de afinação
nas vibrações sonoras. Não há calor humano, não há expansão de visão, não há
nem haverá jamais vontade de aprender algo novo. As verdades congelam e
tornam-se absolutas; conceitos inflexíveis.
O
isolamento dá ao Ser a sensação de preenchimento por permitir o desenvolvimento
de idéias incontestáveis. O diálogo interno entre pensamento e sentimento
torna-se tão conhecido que o reconhecimento se esvai. Fenece. E a
desvalorização aflora.
Quanto
mais cresce o desvaler, mais emerge o medo de partilha. Deste movimento
contínuo brotam as doenças que corroem os pensamentos.
Pensamento
fixado gera movimentos corpóreos mecanizados, repetidos sem chance de
modificação. Sendo este o processo comandante de todos os demais, como sair do
isolamento quando só aprendemos a dialogar com nossas próprias idéias? Quando
não nos dispomos a ouvir o outro? Quando não nos vemos no outro?
Assim
como cada instrumento de uma grande orquestra precisa ter sua própria afinação,
cada um de nós, seres viventes do planeta Terra precisamos afinar nosso
instrumento para que possamos fazer parte da Grande Orquestra Cósmica onde o
maestro rege melodias que fazem ressonância harmônica com a solidão.
Moema
Ameom
11/07/2015