30 de abril de 2012

AME OM - Ode ao início de um novo ciclo



Devo a mim profunda satisfação! Devo respeito e consideração.
Carreguei por tempos infinitos um imenso fardo de angústias perdendo-me em fortes exercícios para melhor carregá-lo. Angústias que nem mesmo eram minhas! 

Faziam parte da humanidade em desencanto, falida, mal organizada, descompassadas, desarmonizada em desavenças inúteis. Absorvi-as e as carreguei em meus ossos. Construí ansiedades múltiplas codificando-as como sendo criatividade, deixando de ser criadora; dos meus passos. Desfolhei minha consciência! Criei muralhas tão altas, densas e tensas em meu entorno que passei a acreditar serem minha estrutura.

Tudo isso por projetar em outros minha visão; não aprendi que a imagem saída do projetor é processada nele. Lá fora existem telas. Menos luz, mais luz, mais foco, menos foco, sombras excessivas, luzes ofuscantes. Assim foram se recriando as imagens com que construí meus espetáculos!

Foram-se as telas! Abriram-se s portas do meu Cine Privé!
Por entre brumas descortina-se um encontro. Gostaria de dizer reencontro, mas não o é. 

Algo totalmente novo surge e me pede satisfações. Muitas. Quantas fontes de prazer precisarei descobrir para saciar meu Ser? Quantas alegrias terei que tecer em minha teia? Quantas músicas terei de escutar para aprender a ouvir a trilha sonora do meu destino?

SIM. O meu destino! MEU; onde a coreografia será um solo e eu sei que não vou solar meu bolo, nem deixar que transborde; sou boa cozinheira. Sou solar, lunar, planetária, cósmica.

Muito prazer, sou Ame Om com muita satisfação. Habito um espaço onde soluções e fluxos me conduzem a um reciclar zodiacal onde o possível deixará de ser in para ser out. Outside myself!
Que na minha pele – ou será tela? – meus sonhos se projetem. Que o filme tenha novo roteiro e a direção seja genial. Sou A(o) Artista ...quero o Oscar! Tudo isso para agradar plenamente uma única platéia – EU.

Com muita satisfação!!

Itaipuaçú, Março de 2012

19 de abril de 2012

Sentidos X Sentimentos - ou de como a arte reprime a arte


Como você usa seus sentidos?
       Por Moema Ameom em 17/04/2012

Vamos navegar pelos meandros dos sentidos focando-os como sendo produções neurais do encéfalo. Através da captação sinestésica do som e imagem – audição e visão – os impulsos neurais formam a matéria orgânica. Desde os primeiros momentos uterinos este é o movimento artístico que dá vida aos seres humanos e demais seres vivos do planeta. 

Agrupamentos moleculares constroem células dando sentidos às mesmas, através das informações que captam dos movimentos externos. Quando o assunto é ser humano, podemos dizer que estes estímulos uterinos, são provenientes da mãe que, por sua vez, assimila cinestesicamente daqueles que a cercam (principalmente do pai), estímulos sensoriais para levar a termo a gestação.
 A qualidade de formação do soma, portanto, dependerá da qualidade de processamento dos sentidos, ou seja, de como serão processados pela mãe. Sinalizo aqui que não estou me referindo aos fatos externos mas sim aos movimentos que a mãe cria internamente com os mesmos.De nada adiantará belos movimentos externos se a mãe os transformar em calvário e vice-versa.
Os demais sentidos – paladar e olfato – são condimentos sinestésicos complementares no caldeirão da cinestesia. Não vamos discorrer sobre todos os outros que fazem parte do Sistema Humano para que possamos nos deter nestes que são os básicos.

Sendo assim, o encéfalo é o órgão captador dos estímulos sensoriais que irão criar o soma e a psique gerando a conexão e/ou comunicação entre o mundo interno X externo. Podemos brincar de posicionar os sentidos como sendo os informantes do superego e vice-versa.

Quando os sentidos não ganham espaço-tempo para formar a consciência  construindo os sentimentos, o Sistema se secciona perdendo sua unidade. A caixa craniana – morada do encéfalo –, não comunga com a caixa torácica – morada do coração.
Para conhecermos o caminho da união de ambos – equilíbrio emocional -,é preciso aprender a aprender que, ao excitarmos os sentidos em excesso através de: leitura, vídeos, filmes, meditações, e toda a gama de audiovisuais, hoje tão comuns na sociedade, acabamos por exacerbar a sinestesia (sentidos) criando uma extensa rede de medo (tensão oriunda da desregulagem do tônus) responsável pela secção entre a psique e o soma. Isto sem falar que a própria Psique irá se subdividir separando o id do ego, enaltecendo as funções do superego.

Quando isto acontece a parte cervical da Coluna Vertebral se congestiona por falta de processamentos dos movimentos vitais provenientes do Sistema Nervoso Central – medula espinal. Com uma cervical sobrecarregada, a parte lombar também sofre congestionamento devido à falta de apoio (que deveria ser construído com os impulsos da cervical) para processar os movimentos do Sistema Nervosos Periférico provenientes das fácias – capa energética dos órgãos . Os movimentos da ARTE de viver são obliterados e passam a reprimir os sentimentos.

Sentimentos, portanto são sentidos que, uma vez experimentados pelo Corpo Físico, ampliam níveis de consciência sobre as ações e reações oriundas das redes nervosas, gerando equalização para as ondas emocionais.

Se esta experiência for realizada sem uma orientação que priorize o tempo orgânico (tempo biológico) de in.evolução, onde os movimentos circulares são notórios, levará o Sistema a se defender da própria vivência, construindo bloqueios energéticos que, dentro da teoria Reichiana são denominados couraças e na Life Energy Therapy® de cassetes de energia. 

Estes movimentos retidos (teoria de Moitakuá) são os causadores das do®enças físicas, mentais e espirituais por não permitirem o processamento do fluxo vital nas redes dos Sistemas Nervosos.

Sendo assim, para que a arte de realizar possa ser conduzida aos processos criativos que venham a dar suporte para o recircular da arte de viver, é fundamental que a maneira de captar os sentidos seja muito bem observada para que saibamos como nos conduzir para a construção de sentimentos verdadeiros.
Um dos princípios primeiros para que esta brincadeira tenha bom termo é cuidar dos movimentos das vértebras cervicais, sem esquecer sua ligação com as lombares.

Vamos cirandar com o id? Cirandinha ... meia volta com o ego vamos dar!

UMA VISÃO ANTROPOLÓGICA DA DANÇA


 
Por Moema Ameom em Março de 2012

“Não é um corpo, não é uma alma, é um Homem.” Montaigne 

 
Olhar a dança por uma visão antropológica é ver primordialmente o ser humano que dança para depois enxergar aquele que quer traduzir com seus movimentos vitais suas expressões através de uma ou mais técnicas.


Portanto, neste estudo metodológico, vamos primeiramente passear por alguns caminhos que possam auxiliar na melhor compreensão do que vem a ser Humano. Quais os meandros deste Sistema que tanto tem a oferecer e que, ao mesmo tempo, tanta facilidade tem de se autodestruir, devido à facilidade (motilidade) de se moldar, adequar e acomodar aos processos dos movimentos externos aos seus.

 
O Soma e a Psiquê:

As expressões gregas; soma e psiquê, que podemos entender como sendo corpo e alma, formam o confronto dual do ser humano desde 500-428 a.C. quando o filósofo Anaxágoras as considerou partes distintas. Esta idéia de divisão trouxe-nos como herança a impressão de que temos o domínio sobre a matéria (corpo físico) vendo o imaginário como algo alcançável através deste controle, colocando em segundo plano os verdadeiros almejos da alma (essência vital).

Sendo o desejo regulado pelos processos sensórios cognitivos da psiquê, colocá-lo no corpo gerando ressonância harmônica com suas reais possibilidades e potência é a responsabilidade da consciência.

Consideremos os embasamentos de Espinosa, já que estamos percorrendo os territórios da cultura grega, berço da civilização. Dizia ele que a vida tem a ver com a potência; com a energia vital que, a cada instante disponibilizamos para viver, ou seja, a energia que nos move e coordena. Se perdermos alguma parte da matéria (perna, mão, braço) não deixamos de ser quem somos.

Podemos dizer que o soma é a matéria sólida que se define como sendo uma parte do nosso sistema que pode ser vista e tocada, como também é o veículo que nos permite tocar e ver as outras pessoas. Já a psiquê pode ser definida como sendo alma, espírito, mente ou simplesmente energia vital. É a parte invisível e intocável, mas que sabemos que existe e engloba tudo aquilo que é relativo à cognição – sentimentos, sensações, percepções, desejos e sonhos. Quando bem utilizada na conscientização de sua presença no soma, amplia o grau da observação interna e externa fortalecendo a capacidade de discernimento sobre as ações e reações.
Portanto, orientar para o ato de observar o que se realiza com o soma, é o caminho mais amplo para a educação de um ser de maneira coerente com suas reais possibilidades de execução.

“A insustentável leveza do ser” Millan Kundera

A Psiquê


Seguindo os conceitos da Psicologia, deparamo-nos com os três sistemas integrados geradores do aspecto estrutural da Psiquê : o id, o ego e o superego.

O id - corresponde aos instintos primitivos, naturais, onde não se tem como inserir conceitos capazes de bloquear as ações. É formado pelos princípios básicos da energia vital – ação X reação. É o núcleo da Psiquê. Ainda seguindo os ditames da Psicologia vemos que é a fonte de dois grandes impulsos de onde derivam os demais: amor e ódio. Ou seja, todos os sentimentos disseminados no soma são provenientes do desequilíbrio destes impulsos básicos existentes no id. Ele é ilógico, atemporal e regido pelo princípio do prazer – isto é, o que o move é a busca do prazer a qualquer preço, o que caracteriza o comportamento de uma criança.
O id nunca se torna adulto, permanecendo infantil e primitivo ao longo da vida, sempre manifestando e mostrando seu desejo; buscando formas diferentes para realizá-lo com a intenção de um dia alcançar a satisfação plena. O id é inexplicável. Imponderável. Expressivo. Artista arteiro.
Unindo esta informação a visão da Neurologia, podemos dizer que o id é o Sistema Nervoso Central cuja ação de funcionamento no corpo físico se apresenta na medula óssea, cujo princípio de contração/ódio (-) expansão/amor (+) fundamenta a energia vital (-) e (+).
O SNC é fonte inesgotável de processos criativos capazes de regenerar moléculas a cada segundo; está nele o núcleo da criatividade somática.

Sendo assim, a estrutura óssea, que tem como linha central a coluna vertebral, é o veículo de conexão direta com o id. Cuidar bem do tônus das articulações intervertebrais torna-se um dos caminhos de liberação da energia medular, possibilitando à Psiquê melhor comunicação com o Soma. Os desvios de qualidade neste cuidado serão responsáveis pela desestruturação do id na psiquê e vice-versa.

Como fonte inesgotável de criatividade, o esqueleto ósseo será sempre o apoio para uma boa estrutura emocional se for orientado no sentido de respeito às articulações, onde encontramos maiores conexões nervosas provenientes do SNC.

O id é chamado à realidade pelo ego.


Ego = eu e Id = ao termo latino associado ao alemão “es” por Nieztche, querendo dizer “ele”.
Sendo assim, vemos o eu e o ele travando conflitos constantes. Um deseja e o outro comanda o que deve ser feito para que a realização aconteça. Harmonizar este embate é a função da conscientização corporal. Através da percepção dos movimentos e da captação das sensações que os mesmos provocam, podemos direcionar o corpo físico – soma - para ser o agente equalizador dos processos mentais.

Brincando com os estudos da área neurológica podemos dizer que o id é o lado direito do encéfalo (que movimenta o lado esquerdo do corpo) onde os impulsos sinápticos regem a sensibilidade e todos os processos relacionados à cognição; o ego é o lado esquerdo onde mora a razão e a lógica (lado direito do corpo). No centro do encéfalo temos o hipotálamo para onde os impulsos sinápticos devem escorrer conduzindo para a Coluna Vertebral sentimentos racionalizados, tradutores de uma bio lógica. Esta brincadeira nos mostra que, apesar de produzirem sensações distintas, os dois lados do soma recebem informações de um só núcleo, o Sistema Nervoso Central. A psique, uma vez regulada pelo soma e seus movimentos conscientizados, ganha suporte para harmonizar id e ego fazendo com que o superego faça o papel de equalizador entre partes externas e internas do sistema.

O ego ao contrário do id é sempre muito atento ao que os outros desejam. Não dá ouvidos aos desejos do id. Procura sempre agradar o outro. Busca maneiras práticas para melhor ser compreendido mesmo que para isso precise causar polêmicas e atritos. Ou seja, está sempre querendo mostrar aos outros que domina o id. É adulto. Sente-se maduro quando dá ordens; controla os outros, pontua o certo e o errado; manipula desejos e coordena ações, mesmo que para isso precise inibir as reações do id.
Se existe a dualidade entre a Psiquê e o Soma, dentro da Psiquê existe a dualidade do Id e do Ego. Será dualidade ou complementação?



   “A palavra parte só encontra sentido em relação ao todo do qual ela faz parte. Por isso a vida de          qualquer Homem só pode ser julgada em função da sua condição de parte, de uma parte específica, que este homem encarna neste todo maior e universal.” Clovis de Barros Filho
 

No Corpo Físico vemos a especificação deste princípio filosófico quando damos a cada parte do esqueleto ósseo sua devida função, permitindo que as cadeias musculares cumpram seu papel, focadas nas partes que lhes cabe. Ex.: o que movimenta o quadril não movimenta a perna apesar de auxiliar na movimentação.
Assim como pé não é mão, fígado não é estômago e cabeça não é tronco, ação não é reação mas não devem (nem podem) ser divididas ou antagonizadas sob pena de desvirtuar a conexão dos sentidos com os movimentos corporais ou de inibir a união dos impulsos sinápticos na conexão com o hipotálamo.

Para que o Sistema seja orientado à sua totalidade é primordial que a conscientização das partes e suas funções ganhe estimulação e apoio para serem desenvolvidas em plenitude. O caminho principal é a observação da experiência orientando para o foco de cada questão solicitada. Focar e desfocar para que a visão se amplie.
Sob o ponto de vista neurológico, as partes do todo dentro da máquina humana são regidas pelo Sistema Nervoso Periférico – SNP – e a disputa entre elas acontece quando o tônus muscular fica desregulado devido ao congestionamento (estresse) das redes nervosas regentes da coordenação motora. Por isso, imobilidade não é falta de movimento, mas sim mau uso das partes nele contidas.

O grau de alcance da coordenação motora é muito reduzido se comparado ao da imaginação, sonho e desejo que, ao mover a mente (psiquê), move o corpo e será capaz de renovar e reformular movimentos quando devidamente orientada. O que não move visivelmente, move no invisível projetando a força da intenção na ação.

Um exemplo explícito do que digo é o fato de que, quando um membro é amputado, a sensação de presença física do mesmo permanece durante um grande período. Se esta sensação é respeitada e bem trabalhada ajuda na recuperação do estado emocional, possibilitando melhor cicatrização no lugar da amputação e melhor adaptação à prótese.

Sendo assim, conscientizar as partes do corpo passa primeiramente pela intenção de fazê-lo para depois concretizar o fato de conhecer e saber onde estão e o que são capazes de fazer. Este caminho produz maior coerência nas realizações produzidas pelo Soma. 

 
O superego - A formação do superego pode se resumir em uma única frase: acusar e criticar o ego. Seus processos são decorrentes da incorporação dos aprendizados assimilados na primeira infância (principalmente até os 4 anos quando a medula é formada) provenientes dos pais, familiares próximos ou responsáveis pela educação do ser. Nele elabora-se a memória cognitiva - mediadora das ações X reações do id e do ego. A desarmonia, (ou harmonia) interna entre os dois dependerá dos processos emocionais provenientes da memória assimilada, registrada e guardada na cognição do sistema.


Resumindo: “o superego luta por perfeição moral, o ego exige adequação à realidade; o id esforça-se para obter prazer e evitar sofrimento, independentemente dos meios e conseqüências.” Dr.Marco Aurélio Dias da Silva.

Tudo isso se processa na mente, ou alma, ou espírito, ou simplesmente energia vital. Estes processamentos projetam-se no soma, ou seja, corpo físico.

O Soma

“A realidade somática é o “como” uma pessoa incorpora a si mesma, o “como” ela vivencia essa corporificação e transforma as experiências internas em uma forma pessoal. A corporificação é uma experiência emocional e a experiência emocional é corporal” Stanley Keleman

A matéria física é decorrência da corporificação da energia vital, ou seja, um conglomerado de partículas atômicas que, uma vez reunidas em torno de um só objetivo, materializam as moléculas gerando matéria; os processos energéticos são comuns a todas as matérias que nos cerca no Planeta em que vivemos.
A visão antropológica da dança prioriza esta comunhão onde o aprendizado da forma e sua transformação contínua nasce do respeito e observação dos processos contidos nos movimentos vitais através da utilização dos estímulos sensoriais.

Sendo a alteração dos estados emocionais responsáveis pelos bloqueios que impossibilitam esta comunhão entre o Homem consigo mesmo e seus semelhantes, a atenção voltada ao cuidado meticuloso com os mesmos, significa possibilitar adequação às habilidades de comunicação contidas no organismo. Esta adequação auxilia na educação da saúde física e mental conduzindo-as à coerência ressonante e harmônica, dando suporte para as potências existentes e produzidas em cada Sistema Humano.
Um oceano é constituído de nano gotas.

“Emoções são conjuntos complexos de reações químicas e neurais, formando um padrão; todas as emoções têm algum tipo de papel regulador a desempenhar, levando, de um modo ou de outro, à criação de circunstâncias vantajosas para o organismo em que o fenômeno se manifesta; as emoções estão ligadas à vida de um organismo, ao seu corpo, para ser exato, e seu papel é auxiliar o organismo a conservar a vida”. António Damasio

Acredito ser bem fácil relacionar as ondas emocionais com os processos respiratórios se levarmos em conta o que acontece com nossa respiração quando nos sentimos emocionados. Estes momentos, onde a comunicação interna/externa se torna mais evidente, nos ajuda a conhecer algo que acontece em nosso organismo sem que possamos perceber. Os fluxos e refluxos do ar no aparelho respiratório são movimentos reguladores dos processos emocionais e vice versa. Portanto, observar o modo como expiramos e quando o fazemos – ou deixamos de fazer – muito auxilia no nível de consciência projetado tanto no soma quanto na psiquê.
Venho aqui ressaltar que o diafragma, músculo central na formação do aparelho respiratório está inserido às costelas e vértebras dorsais através de filamentos nervosos. Quando o esqueleto ósseo se encontra desequilibrado em sua estrutura, o diafragma fica incapacitado de realizar a tarefa de massagear as vísceras aumentando a produção de gás carbônico no organismo, o que altera o fluxo dos estados emocionais.
O soma, então, para não colapsar diante dos fatos externos, produz suas defesas somáticas distanciando-se da psiquê. Assim se manifesta a dualidade entre os dois abordada no início da apostila. Anaxágoras vence com seu conceito de confronto entre corpo e mente fazendo desaparecer a harmonia.
Quando estes processos se fazem presentes no sistema, o prazer não ganha espaço na execução e manutenção da forma.
Mais uma vez nos deparamos com a importante função de cuidar atentamente da estrutura óssea. A melhor maneira de fazê-lo é orientar na direção da conscientização dos movimentos existentes nos atos e ações do corpo físico.

Quanto à função respiratória o foco deve ser voltado apenas para o movimento de expiração. O ato de inspirar é natural do corpo que sabe não poder ficar sem ar; mas, a intensidade da expiração depende – e muito – do amadurecimento do id e sua parceria com o ego.

Consciência

Apesar de ser vasto o assunto e muitas vezes bem polêmico, acredito que, para o ensino da dança e suas variadas técnicas, o fundamental é a conscientização do funcionamento das diversas partes do corpo físico. Acordar e observar a conexão entre sentir e perceber extraindo deste aprendizado o amadurecimento para a formulação de conceitos renováveis e reajustáveis de acordo com as transformações dos sentimentos diante dos fatos, é algo criativo que a dança é capaz de proporcionar.

“Os seres criativos podem saber como se sentirão em relação a alguma coisa no futuro, porque criam seus sentimentos, em vez de experimentá-los”. Neale Donald Walsch

Para que a criatividade possa vir à tona, precisamos respeitar o tempo biológico de absorção sem rotular ou conceituar (superego) erros e acertos quando este tempo não fica de acordo com as programações que se faz para orientar. Dizer o que fazer não deve vir acompanhado de um pensamento prévio sobre o como será feito. Observar o como de cada aluno (a) povoa de riquezas múltiplas o universo do mestre, aquele que nada sabe e se abre para aprender a aprender eternamente. Lembrar sempre que o verdadeiro processo criativo nasce das diversas maneiras de fazer o mesmo movimento. O nascer do sol e da lua nos sinaliza os ciclos vitais sempre acontecendo da mesma forma, porém totalmente distintos. Isto é criatividade.
Deste fluxo constante de partilha, onde conhecimentos e experiências se entrelaçam, constrói-se a consciência.
“Em suas raízes, consciência (do latim conscius) significa partilhar conhecimento. Portanto, quando falamos de consciência estamos nos referindo a uma percepção de informação: estar consciente é estar ciente do conhecimento. [...] Se voltarmos à natureza essencial (physis) da energia, consciência é o conhecimento da essência ou movimento da vida. Através do movimento da energia vital, a consciência une a estrutura da forma, a quantidade da força e o meio do processo no todo da vida. “ Stèphano Sabetti

Biblio

ia:
                                                  





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7 de abril de 2012

Uma Dica para Autopercepção


Deitada na cama (o colchão não deve ser mole) ou no chão, dando um bom apoio para a cabeça, pernas estendidas com almofadas sob os joelhos e braços ao longo do corpo com os cotovelos ligeiramente dobrados, voltados para fora e palma das mãos apoiadas na cama.
Fechar os olhos colocando a toalhinha sobre eles. Começar passo a passo a se concentrar na percepção do corpo com a intenção de avaliar quais as partes mais pesadas e mais leves do corpo.

Vamos lembrar:
Partes mais pesadas = aquelas que você percebe em maior contato com a superfície; aquela que logo lhe diz ”estou aqui”.
Partes mais leves = aquelas que você custa a perceber o toque sobre a superfície; a que lhe diz “onde estou eu?”

Quando tiver conseguido se conectar bem com o corpo e suas avaliações sobre o peso, coloque a mão direita embaixo do lado direito do quadril (bem embaixo da nádega) com a palma da mão para baixo. Dê um tempo para perceber (conscientizar) a presença da mão e seus 5 dedos; arrume o cotovelo.
Começa a brincadeira!
Observando a presença do calcanhar, passe a girar a perna para dentro, deixando-a cair para fora a vontade.
Repetir 3X no máximo.

Vamos lembrar:
É importantíssimo que a cada vez que a perna caia voltando para a posição inicial, você observe atentamente os movimentos internos das ondas respiratórias; só repetir a outra vez depois que as ondas se acalmarem por completo. A imagem é a da pedra que, quando jogada em uma superfície aquosa (lago, piscina, bacia) faz reverberar muitas ondinhas. Os ossos da perna – ITA - é a pedra e sua cadeia muscular – KUÁ - a água; o MOvimento entre os dois é o fluxo/refluxo da Energia Vital (medula/Sistema Nervoso Central) > MOITAKUÁ. O respeito ao tempo respiratório é o respeito ao seu bioritmo – tempo vital.

Ao finalizar a 3ª.X, começa a focar com mais intensidade o ponto de contato do calcanhar com a cama, fazendo uma leve pressão com o mesmo. Esta pressão vai lhe possibilitar realizar uma suave dobradura no joelho. Mantém a dobradura e faz o giro da perna para dentro, soltando-a quando sentir que chegou no ponto limite do giro.

Vamos lembrar:
O ponto limite é aquele em que o fêmur (osso da coxa) gira, mas não traz o quadril junto. A mão que está embaixo ajuda a senti-lo.

Após a 3ª.X, mais uma vez dar um tempo para perceber o que está acontecendo no corpo e reorganizar o cotovelo abaixando-o um pouco.Girar a perna para dentro e dobrá-la escorregando o pé pela cama até a planta do pé ganhar apoio firme. Retirar a mão debaixo do quadril e colocá-la sobre as costelas. Conduzir o olhar para a direção do ombro, fixar um ponto imaginário; escorrer com o ponto para o cotovelo, depois para o centro da palma da mão.
Ao relaxar os olhos, observar a língua e a liberação da mandíbula. Sentir o ar passando por entre os dentes e a língua. Depois de um bom tempo de observação, retirar levemente o cotovelo da cama, sustentar por um tempo e voltar a apóia-lo.Em seguida, deixe a perna escorregar e cair pesadamente na cama.
OBSERVE-SE e registre todas as diferenças que conseguir captar entre um lado e outro.

Vamos lembrar:
O mais importante é observar a diferença dos movimentos da respiração entre o lado trabalhado e o outro. Este processo de conscientização oxigena a Psiquê unificando-a ao Soma gerando equilíbrio ao seu Sistema Humano.