23 de fevereiro de 2012

COLCHA DE RETALHOS


Personas
Venho a algum tempo querendo equilibrar as sensações captadas pelos lados direito e esquerdo do meu corpo. As diferenças entre ambos faziam-me sentir duas pessoas distintas convivendo em constante desequilíbrio. Torná-los idênticos foi meu norte durante um bom tempo. Hoje descubro que o importante mesmo é reconhecer as diferenças para poder harmonizá-los, passando a gerar ressonância pacífica entre minha razão e as sensibilidades criativas provenientes da minha alma de artista. Esta é a minha bio.lógica jornada do momento. Qual é a sua?

Pêndulo
“Ser ou não ser eis a questão”; este balanço Sheakspeariano, que até para letra de samba enredo serviu, condicionou mentes durante século. Pendulando entre o positivo e negativo, o Homem perdeu a flexibilidade dos movimentos circulares e a energia vital se desencontrou do rumo medular, construindo processos inquietantes no comportamento social. “Ser e não ser” ao mesmo tempo, harmonizando o pulsar da contração e expansão simultaneamente, é a única ordem capaz de conduzir ao real progresso. Vamos experimentar?

Des.coberta
Talvez inspirada pelas “2000 Léguas Submarinas” de Julio Verne, resolvi percorrer as águas profundas do meu oceano emocional. Afoguei-me muitas vezes. Hoje aprendi a usar submarinos e escafandros para observar minhas riquezas subaquáticas guardadas nas cavernas ósseas do meu ser.

Medo
Medo de perder o que tenho? Como assim, se eu sei que não me pertence o que é meu? Mais honesto é dizer; medo de perder a razão para fugir da loucura. Melhor deixar a lógica fluir tal qual sensibilidade para gerar low.cura!

Peixes
Netuno emerge das profundezas das águas e brada seu tridente! Chegou o momento de trazer à tona as verdades pescadas na roda zodiacal do ciclo existencial. Que sejamos capazes de reconhecer as impurezas ainda presentes, a fim de nos alimentarmos apenas do que nos servirá na próxima jornada!

Conclamação!
Bato tambores para conclamar meus sentimentos! Todos, inclusive os mais obscuros. Que venham cantar a alegria no Bloco Carnavalesco Eu sou Eu! Espero-os fantasiados trazendo belas alegorias. A performance irá nos preparar para a futura Escola de Samba Acadêmicos de Ameom!

BrincArte
Quantas personagens vivem em mim?! Conscientizá-las me deu muito trabalho, mas conviver com todas elas muito mais. São múltiplas, diversas, coloridas e ficam sempre brincando de pique esconde comigo. Crianças arteiras e travessas revitalizam minh’alma e enraízam a mulher brasileira que sou eu.

AventurAR
Na minha pré-adolescência brincava de me perder. Morava em Copacabana – anos 60. Entrava em algum ônibus circular e fechava as pálpebras; quando as abria ficava buscando com olhar dicas capazes que me sinalizassem onde estava. Excitava-me quando não sabia; aventurava-me no desconhecido. Naquela época a Selva de Pedra ainda permitia brincadeiras saudáveis de descobrimento que exercitava os sentidos. E agora? O como se descobre a vida?

Pecado
Gosto de ficar quieta, olhar vago perdido no espaço, mergulhada em mares e pensamentos desconexos. Ensinaram-me, desde a infância, que isto era maléfico; induzia à preguiça. Até o dia em que aprendi com Krihsnamurti que isto se chamava meditação e Ariano Suassuna sussurrou: é a fonte do artista! Passei a valorizar muito este meu pecado capital.


Questionar
Você é destra? Pra que lhe serve a mão esquerda? E se for canhoto? O que faria com a direita? Como você lida com esta simples diferença? Já parou para pensar sobre quantas coisas ela pode lhe ensinar sobre todas as outras?

Carnaval
Joãozinho Trinta disse: “Um povo que faz um espetáculo de carnaval como este é capaz de realizar qualquer coisa!” Comungo a mesma idéia, por isso aposto cada vez mais na estruturação de processos educacionais que sinalizem os reais valores cognitivos do povo brasileiro.

Pensar
O ato pessoal de pensar termina na pele; indo além se torna campo sócio-educacional e inter.fere na formação de outros pensamentos. Que tal re.ciclar a cada dia a fonte do seu PC orgânico?

Paz
Quando ofereço soluções a quem quer problemas, alimento o atrito e gero conflitos. Para semear a paz não basta conhecer as sementes; é fundamental querer aprender a aprender sobre o terreno onde e como serão plantadas.

1 de fevereiro de 2012

Aprender a Aprender





por Moema Ameom



“Aprender a aprender pode se constituir num dos mais importantes processos para nosso crescimento. É porém, com muita freqüência, o mais negligenciado. Na medida que aprendemos quem somos nós, o estudo e a pesquisa de como nós somos, torna o quem somos nós um aspecto central daquela experiência.” 


Com este parágrafo o Dr. Stèphano Sabetti iniciou o prefácio (tradução de Paulo Vinhosa) que fez para meu livro “Uma Viagem em busca do meu Umbigo”. 
Tanto na escrita quanto na prática da Life Energy Therapy®; nos atendimentos individuais e estudos de grupo que desenvolvi com ele, este foi o maior de todos os ensinamentos que o mestre me doou.


Olhar o próximo como um espelho do meu ego. Saber que os incômodos, aflições e perturbações sentidas, percebidas e vivenciadas com o outro, nada mais são do que uma leitura da minha incapacidade de aprender a aprender comigo mesma.


Tal qual quando nos deparamos com uma prova que se apresenta difícil porque não dedicamos  atenção necessária no estudo da matéria. Na grande maioria das vezes pensamos: “Este professor tinha que dar justo este ponto? Só pode ser azar...perseguição...implicância...” 
Também podemos, vestir a personagem da vítima carregando o fardo da culpa. “Eu devia ter estudado este ponto... porque fui ao cinema ao invés de estudar mais?” 
Onde colocamos os sentimentos neste caso? Em quem nos convidou para sair? Na nossa inabilidade com os livros? Quem será responsabilizado pelas nossas faltas? 


Por aí seguimos catalogando os defeitos dos outros; os erros da vida. Sentimos raiva ... do outro. Ficamos magoados... com o outro. Entristecemos a alma...por causa dos outros! Esquecemos que todos os sentimentos são resultados da nossa própria interpretação.


Grandes poderes transformadores damos aos outros! E assim enfraquecemos cada vez mais a nossa potência vital, por não termos aprendido a como aplicar o que nos cabe em nós mesmos. Assim é a construção mental que vimos aplicando na formação da humanidade no decorrer de milênios. 
Seja por caminhos antroposóficos, sociológicos, filosóficos, políticos, religiosos, pedagógicos ou didáticos, os rumos históricos foram sendo construídos no sentido de distanciar o ser humano do aprendizado consigo mesmo.


Em que momento deixamos de aplicar nas ações e reações pessoais as potências por elas produzidas no organismo? Por que nos desviamos da nossa rota interior? O que nos faz submergir, afogar, colapsar diante de nós? Qual a função da manutenção do atrito que é buscado incessantemente para dar significado à vida?


Por que torna-se incômodo tirar 2 ao invés de 10 na prova? O faz com que nos vangloriemos diante do 10? O que pode acontecer se a nota for sempre a mesma?
Passei 12 anos percorrendo os novos caminhos de aprendizado que o mestre me deu para seguir. 
Hoje sei que aqui cheguei a 62 anos trazendo na bagagem pleno conhecimento sobre onde e como aplicar minha sabedoria. O curso do rio desviou-se, o que me causou esforço, muito esforço, para nadar nele. Realizar o desejo tornou-se exaustivo por demais. Cansativo. Desprazeroso.


Agora, finalmente sei o que e como fazer para assumir este Ser que ganhou identidade própria. Penso. Faço dos meus pensamentos a fonte dos meus aprendizados. 
Aprendo a aprender com a transformação que eles fazem em mim, a partir do momento que os aplico em minhas ações, sem medo de errar e sem querer acertar. 
Ajusto-os aos movimentos vitais que regem minhas motivações e locomoções. Reajusto-os a cada segundo, usando como exemplo minhas próprias atitudes e expressões. Vejo-as refletidas nos outros e sei identificá-las como sendo minhas. 
O próximo é muito bem vindo; seja quem for e o que trouxer para mim, pois será sempre um belo espelho para o meu crescimento. Aprendi a aplicar a fonte inesgotável de amor que produzo para nutrir minha dança.Tornei-me auto-sustentável! Auto existente!


É assim, senhora do meu destino, que dou início a mais um fluxo de retorno que me foi presenteado pela vida, assumindo o cargo de Coordenadora de Professores da Escola de Dança MovimentARTE. 


Sabedora que muito terei que aprender a aprender com os espelhos que diante de mim surgirão. Conheço bem esta coreografia.


Que venham os verdadeiros aprendizados!!!