Por Moema Ameom
O que nos faz acor.dar? O que faz
surgir novas propostas de ações e reações diante de nós? O que constrói nossas
palavras? O que nos auxilia na formulação de textos a serem verbalizados? Que
potência é esta guardada nos ossos, motivadora de uma consciência inconsciente?
Costumo chamar de
VIDA...simplesmente! Nela vejo a ARTE inserida.
À arte de viver e no COMO a utilizamos devemos a magia da existência.
Na mágica de meus caminhos muitos
seres especiais fizeram-se motivadores do meu despertar. Hoje, porém, remeto-me
a um tempo passado quando o sonho maior era me tornar exímia bailarina. A ele dedicava cada segundo
de meu tempo, batalhando por um aprimoramento técnico que nunca me agradava por
estar sempre aquém do que imaginava ser perfeito. Guerra in.sana.
Foi quando conheci Cristina Martinelli!
Se existe alguém que resume tudo
que escrevi sobre a Arte de Viver, este ser é Cristina Martinelli.
Quando a vi dançando pela
primeira vez, algo brotou de minhas vísceras. Algo totalmente desconhecido até
então. Nada via...tudo sentia! Nada sentia...tudo percebia! Nada
percebia...tudo imaginava! Adentrei a Terra do Nunca; fui Fada Sininho, Wendy,
Peter Pan, Alice no País das Maravilhas! Não ousei nem de longe sentir-me
Odete/Odile, Giselle, Silphyde, Galo de Ouro. Isto era dela. Só dela.
Coloquei-a num lugar muito
especial no meu Ser de onde deixava que saísse sempre que as dificuldades
técnicas surgiam para me destruir. Seu exemplo abria o Portal da Arte e deixava
aflorar as sensações captadas quando a via em cena. Devo a ela imensas ondas
emocionais onde lágrimas, risos , torpor, êxtase e muitas outras sensações – múltiplas- me
conduziram ao mais sensível mundo da magia de estar viva. Ajudou-me a fazer da sobrevivência onde me encontrava, um
caminho para a vivência com minha alma de artista.
Cris, (ao meu talismã dei o nome
de Cirs), percorreu trilhas tão distantes das minhas, e tão próximas ao mesmo
tempo. Aproximei-me pela alma e com este fio de energia vital entrelaçamos
ideais.
De repente, em mais um momento de
mergulho profundo na guerra pela Sobrevivência,
quando, engolida por Cronos perdia o fluir da arte, Cirs surgiu do vazio (onde
o tudo se faz presente) e me brindou com palavras. Estas:
Moema Ameom
foi sempre uma presença marcante durante toda minha carreira.
Às vezes como
colega,outras como admiradora e outras ainda de forma didática,me orientando em
ângulos e percepções que me eram desconhecidos.
Foi uma
importante professora de ballet clássico na exigente Academia Tatiana Leskova e
alimentava uma relação profícua com suas alunas, alunas essas que hoje são
bailarinas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Quando voltei a dançar, agora como professora de
ballet, Moema e seu conhecimento surgiram com toda a intensidade. Fiz com ela,
no ano de 2012, um tratamento/curso no qual ela me fez tomar conhecimento das
minhas principais questões físicas/emocionais, me ajudou a compreender e
recuperar meu equilíbrio e estrutura muscular,e finalmente,assistindo minhas
aulas,me deu o suporte técnico e emocional que eu tanto precisava e que tantos
precisam.
Seu método Moikatuá é de infinita importância
para bailarinos e futuros bailarinos.
Quem não
precisa conhecer seus múltiplos eixos?
Quem conhece sua estrutura muscular/óssea?
Alem destas
grandes questões Moema é atenta, extremamente atenta a Palavra e tudo que esta
contém.
Em tempos de
absoluta surdez, como os de hoje em dia, Moema é a única pessoa que conheço que
ouve todas as vozes, inclusive as silenciosas.
Profunda conhecedora da alma e comportamento
humano, tem em mim uma grata amiga e todo meu respeito e admiração.
Cristina
Martinelli - Rio de
Janeiro, 25 de março de 2013
Lendo-as e relendo-as inúmeras vezes nas
sombras e luzes da arte de viver, fui mais uma vez sentindo-me mágica como
quando nos tempos de platéia.
A técnica foi deixada de lado e a alma
espreguiçou nova.mente.
Re.tornei ao passado distante; trouxe-o
navegando (“navegar é preciso”-FP), para o momento presente e entregando-me aos
braços da emoção... Ex.pirei!
Obrigada vida por ter me ensinado a
cultivar tão belo e precioso talismã!