24 de julho de 2013

DANÇA ESSENCIAL PARA ATORES E BAILARINOS




O WORKSHOP DANÇA ESSENCIAL 

PARA BAILARINOS E ATORES 

Apresentará, com muita simplicidade e apurado conhecimento técnico, jogos corporais que conduzem à expressividade corporal através do aprofundamento da percepção óssea/articular/muscular em exercícios de base, jogos de oposição, tonificação e respiração.
Inscrição: R$ 50,00 (cinquenta reais) Informações: (47) 9669-0539

22 de julho de 2013

A Arte e sua discípula


Moema Ameom

Vinha eu pelo caminho das possibilidades quando, ao olhar adiante avistei uma anciã. Claudicava seus passos aqui e ali, parando para verificar se o ar ainda passava em seu peito. Fiquei observando aqueles movimentos retidos, travados, amarrados em seu corpo. “Como deve ser difícil locomover-se” pensei.

Quis o tempo que nos aproximássemos, nos olhássemos e, como por coincidência, nos cumprimentássemos. Não houve palavra. Apenas senso.

Em seus olhos o cansaço de quem não mais conseguia percorrer trajetos com seu ritmo natural. A ânsia via-se no olhar. O desejo pulava pelos poros e os sonhos...ah...os sonhos!...percebia-se no som do coração.

Paramos. Eu, ávida por seguir adiante, quedei-me movida pela curiosidade. “Quem é você?”

“Chamam-me ARTE.”

Silêncio.

Eu estava, naquele percurso do meu destino, justamente em busca de quem ali se apresentava. Dentro de mim uma opressão. Enxurradas de pensamentos povoaram-me e eu calada, observava a ARTE.

“Desculpe-me o espanto Sra., mas sempre imaginei ser a Arte algo vibrante, motivador, instigante, que pudesse saciar minha curiosidade sobre várias coisas da vida e até mesmo  fosse capaz de me dar sentidos novos para rumos conhecidos. Uma vez me disseram que se eu a encontrasse poderia me ensinar sobre como experimentar muitas possibilidades dentro de mim; poderia romper barreiras que me impediam de correr riscos fundamentais para o desabrochar da minha alma. Contaram-me tantos fatos sobre sua existência na formação histórica do Planeta!” Ela me olhava com ternura. Havia compreensão. Mas também muita tristeza.

“ Mais uma vez me perdoe, Sra, mas eu, vim de tão longe para encontrá-la! Percorri obstáculos incontáveis, mergulhei em mares nunca d’antes navegados , varei estrelas, céus e nuvens. Como imagina que estou me sentindo ao depara-me consigo?”

“Atônito.”

“Sem tônus” continuou. ”Perplexo. Sem plexo.” Sentou-se em uma grande pedra, recolheu o manto que a cobria e fechou os olhos.

Silêncio.

“O que fazer?” pensei.

Nada. O vazio se fez diante de mim. Ela, então, sussurrou: “Você ouviu minha voz?”

“Onde? Quando?” perguntei.

“Agora; dentro de você”.

“Não.”

“ Vê?! Por isso ando tão cansada,envelhecida, pesada. Perdi o contato com as mentes humanas. Não há mais tempo para mim. Não há mais espaço para o meu pulsar. Não me querem mais por perto porque os valores não catalogam arte como sendo indispensável à vida. Utilizam-me como sendo diletantismo, ou até mesmo veículo para a perversão e a mediocridade. A sutilidade não percorre mais as veias dos Homens. As almas se recolhem e a essência se desvaloriza cada vez mais. O drama mal contado toma conta da sociedade e o mal humor se disfarça de excitação. É assim que se constrói felicidade e prazer nos dias atuais.” Suspirou e nem ao menos abriu as pálpebras para me ver. Como sabia que ainda estava ali?

“ Você veio de tão longe para me encontrar e no entanto ao passar por mim, olhou  apenas para um corpo deformado, cansado, entortado e em seguida criticou-me, julgou e catalogou-me em sua mente como sendo velha. Não lhe serve mais. Vê? Assim está o mundo que lhe rodeia. Se não faço parte de seus padrões, joga-me no lixo. Se por ventura não concordo com suas idéias, não é capaz de me ouvir.Não vou gritar. Não vou espernear. Nem mesmo dançar a sua frente sacudindo a bunda pra você me enxergar.”

Senti-me fraco. Débil. Incapaz.

“No dia em que realmente quiser me conhecer, pare um pouco, expire e sinta-se em contato com um tempo que não conhece mas que existe em seu interior. Perceba-se com mais cuidado e atenção.Acredito que conseguirá começar a movimentar a sua arte. Eu serei apenas o fio condutor de algo que lhe move os ossos.”

Sentei em uma pequena pedra. Fechei os olhos. Algo mágico aconteceu em mim. Vibrei. Pulsei. Chorei. Sorri. Gargalhei. Aquietei-me. Senti-me viajando por muitos países sem sair do lugar.

Abri os olhos para agradecer. Ela, a anciã, voava ao meu redor com grandes e imensas asas e fortes garras. Agarrou-me e transportou-me pelos ares com uma  potência descomunal. Nunca havia me sentido tão fortemente amparado e apoiado.

Percorri territórios profundamente conhecidos, mas parecia que os via pela primeira vez. As garras da Arte guiavam-me pelo infinito e meus olhos viam o invisível. Os sensos despertaram, os braços abriram e, pela primeira vez senti que poderia, quem sabe um dia, voar também.

Ela repousou-me no solo.

Diluiu-se. Encantou-me. Partiu. Deixou-me atônito; sem tônus. Perplexo; sem plexo.
 Ali fiquei onde tudo havia.


                                                                                      Itaipuaçu, 22 de julho de 2013

21 de julho de 2013

Os Princípios de MO . ITA . KUÁ

 MO . ITA . KUÁ

Na casa de minha filha, emoldurados com frisos dourados, “Os Princípios de Moitakuá”, escritos por mim em 11.11.2011, têm lugar de destaque. Talvez este fato bastasse para me deixar feliz, mas não sou chegada a teorias que não são praticadas de verdade. Para mim estes princípios só terão valor se puderem ser observados, absorvidos e usados conscientemente durante o cotidiano e espelhados nos processos de ações e reações daqueles que os têm como importantes em suas vidas. Caso contrário passam a ser mais um postulado que serve apenas para encobrir verdades e mascarar potências.

De todos os 10 criados por mim, o primeiro é o mais importante de ser assimilado. Não é a toa que o coloquei em primeiro lugar – aliás, não faço nada “à toa”. Tenho pela vida um respeito incomensurável para jogar fora uma nano gota que seja de sua existência in.mim. Por isso mesmo, o número 1 (um) dos Princípios Moitakuenses diz: O próximo reflete aquilo que você produz em seu interior, portanto, a maneira como você o vê, sinaliza o grau da sua (in)evolução.

Coisa de artista, que somada à de pesquisadora, cientista e religiosa, gerou a formação de meus processos de conscientização. A Arte inserida nos movimentos vitais nos mostra com clareza absoluta o quanto é verdadeira a Lei do Retorno. Como já dizia Lavoisier...”Nada se cria, tudo se transforma.” Podemos também lembrar de frases como “ Tu és pó e ao pó retornarás!”

Portanto a máxima deste princípio nos coloca diante de verdadeiros espelhos em tamanho natural que são nossos semelhantes. Sinalizo como sendo semelhantes todos os seres vivos do planeta, da formiga ao elefante, do Homem de Bem (pra quem?) ao Homem do Mal, das plantas, pedras, nano ou macro partículas. TUDO traz em si a Arte de ressoar em prol da Energia Vital.

Sendo assim, aprender a observar o próximo despindo-nos de julgamentos e críticas, nos permite captar de suas ações/reações o fermento para um aprendizado cada vez mais profundo sobre nós mesmos.
Parafraseando-me: coisa de artista que, uma vez no palco, aprende a construir o próximo grau  da intensidade emocional captando as ondas de retorno da platéia. Disse “aprende” onde deveria dizer “aprendia”, porque hoje em dia, a arte tornou-se tão mecanizada (como a vida em si também) que as ondas de retorno perderam, para alguns, intensidade de valores.

Sei que este fato é aquele que torna os Princípios de Moitakuá, assim como o método em si, tão obsoleto e desnecessário. Qual a mãe que vai perder tempo em aprender com o filho? Tempo? Que tempo? Por onde anda ele? Qual o professor, médico, mestre em geral, que vai querer descer de seu pedestal egóico para aprender a aprender com o discípulo, o paciente, com os seres humanos? Papo de maluco, diz a maioria. E eu concordo!

Mas, quando aprendemos a utilizar esta máxima, vamos construindo, gradativa.mente, processos de conscientização que nos possibilitam ganhar estrutura firme onde o esqueleto ósseo não mais desvia o curso das águas, mas sim dá à elas a condição de fluírem até os poros emanando energia vital no entorno da matéria. Tornamo-nos espelhos translúcidos onde muitos podem se mirar. Vestimos personagens de acordo com o pedido da platéia e os utilizamos para aprender novas expressões, atitudes e princípios vitais. Somos capazes também, de posse plena da nossa consciência, entrar no Jogo de Interesses (motivação básica da existência) criando posturas elucidativas para a construção da nossa motiv.ação.

Mais uma vez eu digo: coisa de artista de antiga.mente...quando os efeitos visuais não vinham de máquinas mas sim dos processos cognitivos; quando o estudo das palavras era muito importante para que a força da intenção atingisse a platéia; quando cada gesto do bailarino tinha que fazer o diferencial para que as platéias se emocionassem; quando a arte transcendia a matéria pois sua função era transformadora. Naquele tempo... o senso de observação nos sinalizava caminhos insondáveis e inquietantes nos riscos que nos apresentava.

Convivi com grandes atores, a começar por minha avó Céo da Câmara, passando por Sergio Britto (grande Mestre), Fernanda Montenegro, Marília Pêra, Francisco Milani (querido amigo), e tantos outros, todos muito importantes na construção desta primeira máxima de Moitakuá.

Aprendi a olhar o outro, a entendê-lo e a utilizá-lo como parceiro de movimentos vitais. Aprendi a coreografar de acordo com a real capacidade de seus corpos ajudando-os a enxergar na escuridão de suas potências ocultas nas redes tensas do Sistema Nervoso Periférico.

Muitos aderiram a estas propostas. Pelo menos até certo ponto; aquele em que o aprendizado adentra o campo do antiga...mente.


                          

9 de julho de 2013

Repensando a Arte de Viver – à Cristina Martinelli

Por Moema Ameom

O que nos faz acor.dar? O que faz surgir novas propostas de ações e reações diante de nós? O que constrói nossas palavras? O que nos auxilia na formulação de textos a serem verbalizados? Que potência é esta guardada nos ossos, motivadora de uma consciência inconsciente?

Costumo chamar de VIDA...simplesmente! Nela vejo a ARTE inserida.

 À arte de viver e no COMO a utilizamos devemos a magia da existência.
Na mágica de meus caminhos muitos seres especiais fizeram-se motivadores do meu despertar. Hoje, porém, remeto-me a um tempo passado quando o sonho maior era me tornar  exímia bailarina. A ele dedicava cada segundo de meu tempo, batalhando por um aprimoramento técnico que nunca me agradava por estar sempre aquém do que imaginava ser perfeito. Guerra in.sana.

Foi quando conheci Cristina Martinelli!

Se existe alguém que resume tudo que escrevi sobre a Arte de Viver, este ser é Cristina Martinelli.
Quando a vi dançando pela primeira vez, algo brotou de minhas vísceras. Algo totalmente desconhecido até então. Nada via...tudo sentia! Nada sentia...tudo percebia! Nada percebia...tudo imaginava! Adentrei a Terra do Nunca; fui Fada Sininho, Wendy, Peter Pan, Alice no País das Maravilhas! Não ousei nem de longe sentir-me Odete/Odile, Giselle, Silphyde, Galo de Ouro. Isto era dela. Só dela.

Coloquei-a num lugar muito especial no meu Ser de onde deixava que saísse sempre que as dificuldades técnicas surgiam para me destruir. Seu exemplo abria o Portal da Arte e deixava aflorar as sensações captadas quando a via em cena. Devo a ela imensas ondas emocionais onde lágrimas, risos , torpor, êxtase e  muitas outras sensações – múltiplas- me conduziram ao mais sensível mundo da magia de estar viva. Ajudou-me a fazer da sobrevivência onde me encontrava, um caminho para a vivência com minha alma de artista.

Cris, (ao meu talismã dei o nome de Cirs), percorreu trilhas tão distantes das minhas, e tão próximas ao mesmo tempo. Aproximei-me pela alma e com este fio de energia vital entrelaçamos ideais.  
De repente, em mais um momento de mergulho profundo na guerra pela Sobrevivência, quando, engolida por Cronos perdia o fluir da arte, Cirs surgiu do vazio (onde o tudo se faz presente) e me brindou com palavras. Estas:

Moema Ameom foi sempre uma presença marcante durante toda minha carreira.
Às vezes como colega,outras como admiradora e outras ainda de forma didática,me orientando em ângulos e percepções que me eram desconhecidos.

Foi uma importante professora de ballet clássico na exigente Academia Tatiana Leskova e alimentava uma relação profícua com suas alunas, alunas essas que hoje são bailarinas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Quando voltei a dançar, agora como professora de ballet, Moema e seu conhecimento surgiram com toda a intensidade. Fiz com ela, no ano de 2012, um tratamento/curso no qual ela me fez tomar conhecimento das minhas principais questões físicas/emocionais, me ajudou a compreender e recuperar meu equilíbrio e estrutura muscular,e finalmente,assistindo minhas aulas,me deu o suporte técnico e emocional que eu tanto precisava e que tantos precisam.

Seu método Moikatuá é de infinita importância para bailarinos e futuros bailarinos.

Quem não precisa conhecer seus múltiplos eixos?
Quem conhece sua estrutura muscular/óssea?

Alem destas grandes questões Moema é atenta, extremamente atenta a Palavra e tudo que esta contém.

Em tempos de absoluta surdez, como os de hoje em dia, Moema é a única pessoa que conheço que ouve todas as vozes, inclusive as silenciosas.

Profunda conhecedora da alma e comportamento humano, tem em mim uma grata amiga e todo meu respeito e admiração.

Cristina Martinelli - Rio de Janeiro, 25 de março de 2013

Lendo-as e relendo-as inúmeras vezes nas sombras e luzes da arte de viver, fui mais uma vez sentindo-me mágica como quando nos tempos de platéia.

A técnica foi deixada de lado e a alma espreguiçou nova.mente.

Re.tornei ao passado distante; trouxe-o navegando (“navegar é preciso”-FP), para o momento presente e entregando-me aos braços da emoção... Ex.pirei!


Obrigada vida por ter me ensinado a cultivar tão belo e precioso talismã!


8 de julho de 2013

A ARTE DE VIVER e seus movimentos vitais.


Por Moema Ameom

Viver a vida é representar o destino.

Drama.turgica.mente re.di(ri)gimos os Movimentos Vitais do nosso Sistema Humano, fazendo do Corpo Ósseo – Ita -  o leito do rio por onde evoluem as águas do Corpo Físico – Kuá. As emanações destes processos criam (e recriam) o Corpo Etéreo – projetor das ações e reações contidas na medula – Sistema Nervoso Central.  O que sai de Ita retorna a Ita. O poder transformador encontra-se em Kuá e na maneira como utilizamos o que aprendemos para (re)direcionar seus fluxos e refluxos – Sistema Nervoso Periférico. Assim entende e ensina Moitakuá.

Os roteiros escritos nos inspiram e fazem com que possamos dançar as correntezas ou correntes neles inseridos c(u)oreo.grafando-os de acordo (ou não) com o que aprendemos a fazê-lo. Criamos personagens, montamos cenários, adereços, figurinos e mapas de iluminação. A de.coração fica por conta do pulsar vital, uma vez que este, simplesmente existe.

Se (e quando) quisermos gestar e procriar a Arte de Viver, transformadora da existência é preciso aprender a expirar. Esta ação nos coloca diante de pir(a)ações que desregulam a sensação de poder e controle; desmorona o desejo de organizar o que já se “organisma” por si só; ou seja, damos aos aparelhos autônomos do organismo (digestivo, respiratório, circulatório e demais) a possibilidade de assumir seus verdadeiros papéis no cotidiano (sem dramas).

É precisa a ação de Expirar aprendizados. Sua finalidade mantém as vísceras apenas com o que irá fomentar e alimentar os mecanismos das coordenações motoras de maneira ressonante e harmônica com a real capacidade do biorritmo. Afinam-se os instrumentos, a orquestra ganha capacidade de seguir o Maestro, propagando ondas sonoras de extrema qualidade. Faz bem aos ouvidos o som do Sistema Humano quando em equilíbrio com sua Arte. Para caminhar por estas pedras (Ita), basta querer apreender o aprendizado. Ab.sorvê-lo como AR (água em sua tênue expressão).

Ao expirar a vida, tornamo-nos os únicos responsáveis pelo desenrolar do novelo (ou novela) que nos propomos a escrever; isto porque, após a limpeza orgânica, restarão em nossas mãos poucas palavras sem nexo às quais precisaremos dar sentido. A fim de realizar tal tarefa, é imprescindível a total entrega ao incômodo da expiração, pois será este movimento que ampliará o senso cognitivo conduzindo a inspiração às absorções do momento. Se não esvaziamos o pote, passamos a repetir o texto modificando apenas a intenção contida na interpretação. O Ser torna-se uma pantomima de cenas já encenadas, onde a interpretação não ganha a potência da individualidade. As modificações tornam as máscaras mais aderidas às faces (de silicone, talvez) devido ao grau de conhecimento que adquirimos no percurso do aprendizado. Podemos inclusive denominar esta evolução de Livre Arbítro, o que nos isenta de qualquer culpa e responsabilidade. Não reconhecemos emoção como sendo o núcleo de todas as moções da existência.

 Não ouvimos, vemos ou falamos em uníssono com o som que produzimos em nosso instrumento. A camuflagem não permite o desenvolvimento do talento artístico uma vez que este não amadurece na própria experiência corpórea.  Ficamos como uma flauta (seja doce ou transversa) que não pode ser tocada, ou é mal manipulada, porque o ar não flui (apenas passa) em seus orifícios (espaços intervertebrais) como deveria fluIR. Distorce a qualidade. A Energia Vital se encolhe para não ouvir desafi (ti)nos.

No Corpo Ósseo (Id) coletamos e armazenamos temas provenientes de vivências passadas no tempo atual ou em outros já experimentados. O Id (a criança interior) forma nossa matéria (desde o útero materno) com sua sabedoria quântica proveniente de nano partículas sinápticas que se proliferam a cada fração de segundo dentro da Caixa Craniana – parte do Corpo Físico -, assim como na plenitude do Universo que nos cerca. Utilizando esta potência energética podemos nos propor a ler estes temas para desenvolvermos outros escritos por nós ou fazermos de conta que estamos inventando tudo novo. Re-ler, re.ver ou re.inventar algo com o que já existe, desenvolve a capacidade de ampliar percepções e sensações, o que nos torna cada vez mais criativos diante da nossa própria Arte. 

Se escolhermos fazer de conta que somos os grandes inventores da nossa existência, caímos no enaltecimento da ilusão e nos perdemos na pré.potência onde a transformação passa a ser vista como sendo mudança.  Tornamo-nos AR...rogantes e deixamos de expirar. Acumulamos inspirações e nos sentimos criadores de múltiplos artefatos para ampliar a sensação de que temos o poder e com ele controlamos a vida. Assim sendo jamais seremos capazes de ouvir o retorno das platéias por onde passamos e deixamos de dar valor às ondas de retorno (feed backs) que elas nos dão. Jamais seremos considerados loucos. Não mergulharemos em nossa Low.cura.Percorreremos os processos de Sobrevivência fixados nos mares da certeza onde cultivamos o medo de errar e onde o medo de perder nos impede de ganhar. Ganhar o novo.

É assim que nossa história empobrece. Mediocriza-se. Minimiza-se e torna-se enfadonha, desmotivadora e des.animada. Sem anima. Nossa alma mora ao lado de nós e não in.nós. Circula pelo Corpo Etéreo (Superego) sem saber como pousar no Corpo Físico (Ego). Não encarna. Sem encarnar, como poderá romper as retenções desreguladoras criadas nas redes do Sistema Nervoso Periférico (simpático, parassimpático, vegetativo)? Com redes descompensadas, como ampliar a capacidade cognitiva que dá apoio à renovação sistêmica? Visceral.mente entupidos no/pelo Ego através do Superego, como encontrar os conhecimentos acumulados no Corpo Ósseo?

Se... somos movidos à alma, e esta é nossa Energia Vital, porque perdemos o contato com ela?

 Se... ela existe na medula óssea, e esta alimenta o Sistema Nervoso Central, o que faz com que não saibamos brincar com ela?

Bastaria que quiséssemos reaprender a expirar natural...mente.

Se não tivéssemos desaprendido a como fazê-lo, poderíamos ser exímios escritores de novos temas extraindo de nossos “bancos de dados” estímulos para a Dança da Vida.
Não precisaríamos entupir os pulmões de fumaça para adquirirmos a sensação que temos ar. Talvez não tivéssemos construído tantas fábricas, não teríamos cortado tantas árvores e não teríamos poluído nossos processos emocionais com tantas histórias com o mesmo fim que nada nos ensinam de re.novador, só inova(a)dor.

Acessar esta margem de aprendizado é acessar a capacidade de ser o criador de uma  coreografia diferente. Nem melhor nem pior apenas diferente por ser individual. Nela a grafia torna-se responsável por caminhos desconhecidos ao Ser que a constrói. De novo terá apenas o texto porque em se tratando de cuore será uníssono ao pulsar de Kairós.

Aprender a bailar com a lógica de Cronos será o grande desafio. Risco que alimenta a curiosidade e revitaliza o Sistema, mesmo quando nos coloca em altos vagalhões de emoção. Aprendemos a sentir a potência interna em diversos níveis. Convivemos com a morte e fazemos dela nossa aliada na Arte de Viver!

Cuiabá, 8 de julho de 2013