MO . ITA . KUÁ
Na casa de minha filha,
emoldurados com frisos dourados, “Os Princípios de Moitakuá”, escritos por mim
em 11.11.2011, têm lugar de destaque. Talvez este fato bastasse para me deixar
feliz, mas não sou chegada a teorias que não são praticadas de verdade. Para
mim estes princípios só terão valor se puderem ser observados, absorvidos e
usados conscientemente durante o cotidiano e espelhados nos processos de ações
e reações daqueles que os têm como importantes em suas vidas. Caso contrário
passam a ser mais um postulado que serve apenas para encobrir verdades e
mascarar potências.
De todos os 10 criados por mim, o primeiro é o mais importante de ser
assimilado. Não é a toa que o coloquei em primeiro lugar – aliás, não faço nada
“à toa”. Tenho pela vida um respeito incomensurável para jogar fora uma nano
gota que seja de sua existência in.mim. Por isso mesmo, o número 1 (um) dos
Princípios Moitakuenses diz: O próximo
reflete aquilo que você produz em seu interior, portanto, a maneira como você o vê, sinaliza o grau da sua
(in)evolução.
Coisa de artista, que somada à de
pesquisadora, cientista e religiosa, gerou a formação de meus processos de
conscientização. A Arte inserida nos movimentos vitais nos mostra com clareza
absoluta o quanto é verdadeira a Lei do Retorno. Como já dizia
Lavoisier...”Nada se cria, tudo se transforma.” Podemos também lembrar de
frases como “ Tu és pó e ao pó retornarás!”
Portanto a máxima deste princípio
nos coloca diante de verdadeiros espelhos em tamanho natural que são nossos
semelhantes. Sinalizo como sendo semelhantes
todos os seres vivos do planeta, da formiga ao elefante, do Homem de Bem
(pra quem?) ao Homem do Mal, das plantas, pedras, nano ou macro partículas. TUDO
traz em si a Arte de ressoar em prol da Energia Vital.
Sendo assim, aprender a observar
o próximo despindo-nos de julgamentos e críticas, nos permite captar de suas
ações/reações o fermento para um aprendizado cada vez mais profundo sobre nós
mesmos.
Parafraseando-me: coisa de artista que, uma vez no palco,
aprende a construir o próximo grau da
intensidade emocional captando as ondas de retorno da platéia. Disse “aprende”
onde deveria dizer “aprendia”, porque hoje em dia, a arte tornou-se tão
mecanizada (como a vida em si também) que as ondas de retorno perderam, para
alguns, intensidade de valores.
Sei que este fato é aquele que
torna os Princípios de Moitakuá, assim como o método em si, tão obsoleto e desnecessário.
Qual a mãe que vai perder tempo em
aprender com o filho? Tempo? Que tempo? Por onde anda ele? Qual o professor,
médico, mestre em geral, que vai querer descer de seu pedestal egóico para
aprender a aprender com o discípulo, o paciente, com os seres humanos? Papo de
maluco, diz a maioria. E eu concordo!
Mas, quando aprendemos a utilizar
esta máxima, vamos construindo, gradativa.mente, processos de conscientização
que nos possibilitam ganhar estrutura firme onde o esqueleto ósseo não mais
desvia o curso das águas, mas sim dá à elas a condição de fluírem até os poros
emanando energia vital no entorno da matéria. Tornamo-nos espelhos translúcidos
onde muitos podem se mirar. Vestimos personagens de acordo com o pedido da
platéia e os utilizamos para aprender novas expressões, atitudes e princípios
vitais. Somos capazes também, de posse plena da nossa consciência, entrar no
Jogo de Interesses (motivação básica da existência) criando posturas
elucidativas para a construção da nossa motiv.ação.
Mais uma vez eu digo: coisa de artista de antiga.mente...quando
os efeitos visuais não vinham de máquinas mas sim dos processos cognitivos;
quando o estudo das palavras era muito importante para que a força da intenção
atingisse a platéia; quando cada gesto do bailarino tinha que fazer o
diferencial para que as platéias se emocionassem; quando a arte transcendia a
matéria pois sua função era transformadora. Naquele tempo... o senso de
observação nos sinalizava caminhos insondáveis e inquietantes nos riscos que
nos apresentava.
Convivi com grandes atores, a
começar por minha avó Céo da Câmara, passando por Sergio Britto (grande
Mestre), Fernanda Montenegro, Marília Pêra, Francisco Milani (querido amigo), e
tantos outros, todos muito importantes na construção desta primeira máxima de
Moitakuá.
Aprendi a olhar o outro, a entendê-lo
e a utilizá-lo como parceiro de movimentos vitais. Aprendi a coreografar de
acordo com a real capacidade de seus corpos ajudando-os a enxergar na escuridão
de suas potências ocultas nas redes tensas do Sistema Nervoso Periférico.
Muitos aderiram a estas propostas.
Pelo menos até certo ponto; aquele em que o aprendizado adentra o campo do antiga...mente.
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