21 de julho de 2013

Os Princípios de MO . ITA . KUÁ

 MO . ITA . KUÁ

Na casa de minha filha, emoldurados com frisos dourados, “Os Princípios de Moitakuá”, escritos por mim em 11.11.2011, têm lugar de destaque. Talvez este fato bastasse para me deixar feliz, mas não sou chegada a teorias que não são praticadas de verdade. Para mim estes princípios só terão valor se puderem ser observados, absorvidos e usados conscientemente durante o cotidiano e espelhados nos processos de ações e reações daqueles que os têm como importantes em suas vidas. Caso contrário passam a ser mais um postulado que serve apenas para encobrir verdades e mascarar potências.

De todos os 10 criados por mim, o primeiro é o mais importante de ser assimilado. Não é a toa que o coloquei em primeiro lugar – aliás, não faço nada “à toa”. Tenho pela vida um respeito incomensurável para jogar fora uma nano gota que seja de sua existência in.mim. Por isso mesmo, o número 1 (um) dos Princípios Moitakuenses diz: O próximo reflete aquilo que você produz em seu interior, portanto, a maneira como você o vê, sinaliza o grau da sua (in)evolução.

Coisa de artista, que somada à de pesquisadora, cientista e religiosa, gerou a formação de meus processos de conscientização. A Arte inserida nos movimentos vitais nos mostra com clareza absoluta o quanto é verdadeira a Lei do Retorno. Como já dizia Lavoisier...”Nada se cria, tudo se transforma.” Podemos também lembrar de frases como “ Tu és pó e ao pó retornarás!”

Portanto a máxima deste princípio nos coloca diante de verdadeiros espelhos em tamanho natural que são nossos semelhantes. Sinalizo como sendo semelhantes todos os seres vivos do planeta, da formiga ao elefante, do Homem de Bem (pra quem?) ao Homem do Mal, das plantas, pedras, nano ou macro partículas. TUDO traz em si a Arte de ressoar em prol da Energia Vital.

Sendo assim, aprender a observar o próximo despindo-nos de julgamentos e críticas, nos permite captar de suas ações/reações o fermento para um aprendizado cada vez mais profundo sobre nós mesmos.
Parafraseando-me: coisa de artista que, uma vez no palco, aprende a construir o próximo grau  da intensidade emocional captando as ondas de retorno da platéia. Disse “aprende” onde deveria dizer “aprendia”, porque hoje em dia, a arte tornou-se tão mecanizada (como a vida em si também) que as ondas de retorno perderam, para alguns, intensidade de valores.

Sei que este fato é aquele que torna os Princípios de Moitakuá, assim como o método em si, tão obsoleto e desnecessário. Qual a mãe que vai perder tempo em aprender com o filho? Tempo? Que tempo? Por onde anda ele? Qual o professor, médico, mestre em geral, que vai querer descer de seu pedestal egóico para aprender a aprender com o discípulo, o paciente, com os seres humanos? Papo de maluco, diz a maioria. E eu concordo!

Mas, quando aprendemos a utilizar esta máxima, vamos construindo, gradativa.mente, processos de conscientização que nos possibilitam ganhar estrutura firme onde o esqueleto ósseo não mais desvia o curso das águas, mas sim dá à elas a condição de fluírem até os poros emanando energia vital no entorno da matéria. Tornamo-nos espelhos translúcidos onde muitos podem se mirar. Vestimos personagens de acordo com o pedido da platéia e os utilizamos para aprender novas expressões, atitudes e princípios vitais. Somos capazes também, de posse plena da nossa consciência, entrar no Jogo de Interesses (motivação básica da existência) criando posturas elucidativas para a construção da nossa motiv.ação.

Mais uma vez eu digo: coisa de artista de antiga.mente...quando os efeitos visuais não vinham de máquinas mas sim dos processos cognitivos; quando o estudo das palavras era muito importante para que a força da intenção atingisse a platéia; quando cada gesto do bailarino tinha que fazer o diferencial para que as platéias se emocionassem; quando a arte transcendia a matéria pois sua função era transformadora. Naquele tempo... o senso de observação nos sinalizava caminhos insondáveis e inquietantes nos riscos que nos apresentava.

Convivi com grandes atores, a começar por minha avó Céo da Câmara, passando por Sergio Britto (grande Mestre), Fernanda Montenegro, Marília Pêra, Francisco Milani (querido amigo), e tantos outros, todos muito importantes na construção desta primeira máxima de Moitakuá.

Aprendi a olhar o outro, a entendê-lo e a utilizá-lo como parceiro de movimentos vitais. Aprendi a coreografar de acordo com a real capacidade de seus corpos ajudando-os a enxergar na escuridão de suas potências ocultas nas redes tensas do Sistema Nervoso Periférico.

Muitos aderiram a estas propostas. Pelo menos até certo ponto; aquele em que o aprendizado adentra o campo do antiga...mente.


                          

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