2 de maio de 2016

OBSERVAR

por Moema Ameom





Passeio pelos pensamentos que me assolam os momentos deste instante. Busco em meio deles registros sobre o que é observar.
Esta ação e suas reações sempre me fascinaram; foi dando a estes processos muita atenção que criei Moitakuá. Ontem soprou 16 anos no vento de sua existência em minha mente.

Dizem os da minha família que, como brincadeira favorita, acolhia em minha infância, a observação das nuvens, animais, folhas nas árvores, flores pelo caminho. Com o passar do tempo passei a observar movimentos corporais e suas facetas de emoções.

Falar sobre o que observava soava aos outros como sendo críticas e julgamentos. Jamais senti como sendo assim em meu coração. Esta interpretação sobre meus processos internos de olhar encolheu minha visão e me fez engolir pontos de vista.
Criei uma úlcera aos 12 anos de tanto travar minhas cordas vocais para não falar sobre o que observava; doía-me ser apontada como aquela que julgava e criticava quando queria apenas dizer o que via.

Lembro-me de um dia em que vi um anjo ao pé de minha cama. Eu vi. Sentei, conversei com ele e acordei feliz. Fui contar sobre o que tinha acontecido e o que ouvi de retorno foi: ”Pare com essas loucuras. Isto vai acabar lhe fazendo muito mal.” Palavras de amor.

Calei-me. Emudeci. Passei a ter medo de minhas observações e das conclusões que colhia delas.
Mas, de tanto a vida bater em meu coração me solicitando mais e mais atenção para comigo mesma, acabei por focar meu olhar em meus ossos.
Assim criei Moitakuá.

Ajustar idéias aos medos acumulados não foi tarefa fácil. Os desajustes jogavam-me em turbulências emocionais onde vozes do passado alteravam meus limites. Ora excessivamente para fora, ora para dentro, caminhei entre euforias e depressões, mas meus ossos me guiaram e, a energia vital proveniente deles, minha medula, SNC, conduziu-me ao desabrochar da minha capacidade de observar sem medos e me calar sem me reprimir.

Usar o que observo para fortalecer minha curiosidade e criatividade interna. Nutrir meu Sistema com estímulos que só a ele pertence. Acalentar minh’alma com as verdades que meus sentidos me dão compartilhando-as com quem sinto ser capaz de me enxergar.

Se ontem tinha medo daqueles (as) que me viam como julgadora e crítica, hoje olho-as (os) como seres incapazes de me ver como sou.

Fazer o que?

Cada qual vê o que deseja ver ....e que assim seja! O amor é consciência em múltiplos e infinitos níveis todos compatíveis com os movimentos vitais que eu adoro observar.

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