“Aconteceu o que era pra acontecer” “ Se assim foi, que
assim seja.”
Frases como essas e similares, sempre me colocam nas ondas
da conformidade, acomodação, aceitação e permissividade.
Como em mim elas vibram em ressonância com os sons que misturam
harmonicamente o SIM e o NÃO (expansão/contração), entro na coreografia usando
o contratempo, observando as intenções contidas nas entrelinhas dos textos.
Qual a regulagem tonal do ato de se conformar? O que causa o
inconformismo?
Con.forma.
Se eu gero uma forma com e em meu corpo, o que é preciso
para transformá-la? Por exemplo: vou à padaria comprar queijo e, lá chegando
constato que não tem. Penso:” Se não tem é porque não era para comer queijo”.
Dou ao meu desejo uma forma.
Pode ser também que eu resolva percorrer quilômetros, porque
“Eu tenho que encontrar o queijo com o qual sonhei.” Outro tipo de forma.
No primeiro exemplo contenho a forma; no segundo irei
esgarçá-la. Forma contida passa a construir focos fixos e a esgarçada desfoca.
Uma ou outra formula con.forma(a).ação.
As mentes humanas vêm sendo adestradas há milênios para ressoarem
neste pulsar separatista, partidário e fracionado onde o Ser É ou Não É. Perdeu-se
o caminho da união dele com ele mesmo.Os conhecimentos, cada vez mais absurdamente
quantitativos, sufocam a sabedoria natural. Imagina que, ao se fechar em seu
casulo particular, saberá o caminho. Que caminho? Quantos caminhos a vida nos
oferece por segundo? Quantos impulsos o encéfalo produz por nano fração de
segundo? Quantos neurônios, neste tempo, se auto-destroem e se renovam? Quem sabe? Quem conhece? Qual a
máquina capaz de contar? Ainda não foi inventada.
Uma vez fiz parte de montagem teatral onde o ator, para
dizer tal frase, precisava estar em tal marcação cênica feita pelo diretor.
Enquanto não lhe foi dito quantos passos deveria dar para chegar no devido
lugar, ele não conseguiu dizer o texto. Foi uma vivência muito angustiante,
porque devido a este movimento dele, eu nunca conseguia falar, expressar,
representar o que havia ensaiado no tempo justo do meu feeling. Ficava travada,
apesar de não ter nenhum motivo para assim ficar.
Hoje penso, rememorando este fato: ”poderão mentes
reprimidas levar outros corpos a assumirem posturas individuais ressonantes com
seus pulsos vitais?” Como construir posicionamentos pessoais quando o entorno,
não se move? Quais as defesas que o Ego constrói diante de estradas
desconhecidas?
Sempre parto do princípio que não há nada que o ID
desconheça; nada que o SNC não traduza como expressão de movimento.
Sendo assim, o que leva o Ser a fazer uso da Aceitação sem
questionamento? O que leva a não aquiescer à fonte inesgotável de criatividade
e curiosidade que as redes do SNP produzem? Por que não experimentar de maneira
múltipla a mecânica motora dos movimentos articulares e musculares?
Somos nômades?
Se olharmos para os sonhos, desejos, planos e anseios que
movem os pensamentos creio que sim. Parte de nós. Estamos sempre “navegando por
mares nunca dantes navegados” (Camões) Somos capazes de realizar viagens
incríveis na Internet; lendo livros, escrevendo ou simplesmente imaginando,
somos capazes de voar ao além. Mudar de lugar na velocidade da luz. Construímos
planos sem sair do lugar; ficamos esperando que o diretor nos diga quantos
passos são necessários para sairmos do lugar. Certamente almejamos o foco;
queremos e necessitamos de atenção, mas...se não alcançarmos...tudo bem.
Maktub!
Estava escrito. Por quem? Quem escreve o roteiro do meu cotidiano?
Posso pensar que sou EU, ou que é o destino. Ou um caminho
ou outro, ensinam os processos educacionais. Escolha!
Dá pra dançar um pas des deux? É possível aguçar a visão
interna e externa ao mesmo tempo conscientizando os valores de ambas? Observar
onde coloco meu pé enxergando onde está o pé do outro?
Quando exercia a profissão de bailarina clássica, usava
lentes de contato pois sempre fui míope com alto grau de astigmatismo. Uma vez,
estando em cena, uma delas saiu do olho e ficou presa no cílio postiço me
perturbando muito a visão. Neste exato momento tinha que chegar perto de meu
partner (companheiro de coreografia), saltando em seus braços.
Na velocidade da
luz me perdi, mas quando dei por mim, já havia saltado, realizado o que era pra
ser feito e me encontrava na coxia com ele falando: ”O que houve? Quase não
consigo lhe segurar!” Conversamos um pouco e até hoje sinto o firme apoio que
ele me deu em momento de aflição e insegurança. Será isto que nos falta para
que possamos seguir os impulsos que nos levam a descobertas sobre nós mesmos?
Apoio?
Será por nos acomodarmos aos movimentos conhecidos dos
abandonos que deixamos de buscar apoio a fim de aprender o que não sabemos que
sabemos?
Se eu aprendi a subir escada sem segurar no corrimão, como
farei para subi-la caso machuque o joelho e/ou o tornozelo? Se sentir
necessidade de me apoiar, COMO pedirei ajuda?
Talvez seja mais fácil sentar na cadeira e dizer: ”Que assim
seja! Não é para subir a escada. Se fosse, não teria me machucado.” Posso até dizer
que são desígnios da vida, vontade de Deus, praga do Demônio, mal olhado da
vizinha, enfim...são múltiplas as justificativas para ficar sentada.
Enquanto isso, o cérebro continua gerando impulsos, o
coração movimenta-se entre Sístole e Diástole fazendo todo o Aparelho
Circulatório pulsar. Somos um imenso coração onde o amor gesta energia vital
produzindo revitalização contínua.
O que fazer? Por que usá-la? Pra que? Por onde anda a
Motiv.Ação? Como fazer para reconhecê-la?
Que aconteça... Ou você fará algo para que venha a
acontecer?!
O tema é importantíssimo! Vamos tricotar mais sobre ele.
ResponderExcluirBeijos, Rê