
A voz do motorista ressoa imperioso:"15 minutos."
O corpo acomodado durante horas na poltrona confortável reluta; os pensamentos despertam primeiro. Questiona à alma: "Como sará lá fora?"
Os minutos escorrem. Aos poucos os pensamentos começam a sacudir as articulações, as cadeias musculares, as camadas epiteliais, até que...o corpo físico se move.
Levanta. Desperta. Acorda.
Vamos descobrir novas emoções, alimentar o espírito.
Mais uma vez o motorista: "Passageiros com destino a..." ...lá se foram os 15 min.
Ficou pra trás a oportunidade da re.nova.(a)ção. a ânsia de movimentar-se é recolhida; engolida. Dor no estômago, na garganta, na cabeça, na medula óssea.
Os pensamentos perdem o rumo; ficam sem sentido. Os sentidos não foram estimulados pela cria(a)tividade. falha o ato da cria(a)ção.
Vem a mim a bela frase de Fernando Pessoa: "Põe quanto és no mínimo que fazes".
Levantar da poltrona, sair do ônibus, agir em comunhão com o desejo, seria o mínimo a fazer por mim.
E EU fiz!
Penalizada pelos muitos que não fizeram.
Eu fiz, eu faço. Eu me plico para sempre estar atenta ao momento das propostas da vida. Quanto mais desfiadoras melhor!
Nem sempre foi assim.
Durante anos o físico não sabia dialogar com o espírito. A comunicação entre cérebro e coração era dissonante.
As oportunidades de ser feliz com minha inteireza foram passando.
Hoje confesso que me penalizo com o tempo perdido, mas me acolho de braços abertos dando-me as boas vindas.
Mesmo que a chance seja de um segundo, eu vou.
Ficou no passado aquela que ia sem saber pra onde, pra que e como.
Calorosos abraços me recompensam
Nenhum comentário:
Postar um comentário